quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Era uma vez a tropa

Saída para fim-de-semana
Foto tirada à revelia, mostrando o estado de espírito de um camarada

Manobras com um canhão de 106 milímetros

Procurar uma posição, cavar trincheiras, camuflar e depois limpar tudo
Numa de "Rambos"

Graduados do SMO da incorporação de 1989, na Horta

Última foto, já no aeroporto da Horta - Maio/90

Fez ontem vinte anos que fui cumprir o SMO, serviço militar obrigatório.
Fui incorporado na Escola Prática de Infantaria, que ficava no Convento de Mafra, mais conhecido, entre nós, pelo “calhau”.

Cheguei ao Convento de expresso, vindo de Lisboa. E logo fiquei impressionado com a dimensão megalómana do Convento, sobretudo quando comparado com a pequena cidade onde está inserido.
Desci do autocarro e incorporei-me numa fila interminável de instruendos, para as habituais formalidades: apresentação, corte de cabelo, vacinação e distribuição de fardas.

Quando nos dirigimos para a porta de entrada, deparámos com um oficial de ar trocista, que nos lembrou que a nossa presença ali era voluntária, pois não tinham ido buscar ninguém a casa.
E depois prosseguia, em tom de desafio:
-Se não querem vir para cá, ainda estão a tempo... voltem para trás.
Aqui ele fazia um compasso de espera, para acreditarmos que isso era possível.
Depois continuava, com um sorriso zombeteiro:
-Se não se incorporarem, serão julgados por um tribunal civil. Se se incorporarem e depois desertarem, têm um tribunal militar à perna.

E, cabisbaixos, lá íamos avançando, lentamente, em fila, privados pela primeira vez da nossa liberdade.
Condenados, sem direito a julgamento, nem recurso, arrastavam-se pelos escuros corredores mais de quinhentos mancebos vindos de todo o país.

A distribuição de fardas prolongava-se pela noite dentro. E logo nessa primeira noite, perdi-me dos meus camaradas, nos labirínticos corredores do Convento.
Só, com uma trouxa de fardas e cobertores às costas, e com a luz eléctrica a falhar várias vezes durante o percurso, andei às voltas até encontrar o caminho para camarata.

Fiquei no sexto Pelotão da sexta Companhia de Instrução. Não conhecia ninguém. Nem sequer havia outro açoriano ou madeirense no pelotão.
Fome, frio, sono, cansaço e estar permanentemente a correr de um lado para o outro, sem saber bem porquê, nem para quê, foram uma constante nestes cinco meses de recruta e especialidade em Mafra.

Os outros dez meses foram passados na Horta, totalizando quinze meses de tropa.
Sobre este tempo, comum a milhares de jovens da minha idade, oriundos de todo o país, só me resta concluir: que desperdício de tempo, energias e dinheiro, no meu pobre país.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Darwin e os Açores

Francisco de Arruda Furtado (1854-1887)

Darwin passou pelos Açores, no regresso a Inglaterra. O Beagle ancorou na ilha Terceira a 20 de Setembro de 1836, perto da cidade de Angra.

Nessa altura Angra era a capital do império, uma vez que Portugal estava em plena guerra civil e D. Pedro, refugiado na Terceira, proclamara a ilha capital.

Darwin andou a visitar a ilha, foi ver uma suposta cratera, que a Darwin pareceu simplesmente uma série de fissuras em rocha vulcânica, e visitou a cidade da Praia no extremo nordeste da ilha. Contudo, os dias nos Açores não foram produtivos ao Darwin naturalista.

O Beagle deixou a Terceira a 24 de Setembro de 1836 em direcção a S. Miguel, para apanhar algumas cartas, e partiu para Inglaterra.

Darwin no seu diário de viagem e mesmo na Origem das Espécies faz muito poucas referências aos Açores. Na verdade o arquipélago é referido apenas quatro vezes na Origem das Espécies.

O que mais lhe chamou a atenção foi o carácter dos açorianos, tão diferente dos portugueses do Brasil que o haviam indignado. Estes pareciam-lhe pessoas agradáveis, “homens do campo, de aspecto limpo”.

Enquanto naturalista, não achou as ilhas interessantes e podemos dizer que estas não tiveram impacto na teoria evolucionista.

Mas o cientista não estava totalmente desinteressado do arquipélago. Darwin tentou colher informação sobre os Açores através de alguns amigos. Tenta encontrar espécies endémicas de pássaros, plantas, insectos.

Em correspondência com Hooker, Watson e outros tenta obter sementes, plantas ou apenas impressões sobe as espécies das ilhas. Pede inclusive a Hunt que lhe envie um morcego.

O que mais inquieta Darwin nos Açores é precisamente não haver nada de especial, parece-lhe estranha a falta de espécies endémicas que se tivessem alterado com o isolamento.

O estudo de algumas espécies dos Açores e a troca de impressões com outros cientistas acaba por não ser frutífera e os Açores acabam por não ter relevância nos trabalhos desenvolvidos por Darwin. Texto retirado daqui

O único português a corresponder-se com ele foi um jovem açoriano de 26 anos, Francisco de Arruda Furtado, completamente isolado dos círculos científicos.

Darwin dirigiu-se a Francisco Arruda com palavras gentis e encorajadoras: “Admiro-o por trabalhar nas circunstâncias mais difíceis, nomeadamente pela falta de compreensão dos seus vizinhos”.(...)

E no mesmo ano em que escrevia a Darwin, Furtado publicou em Ponta Delgada um folheto intitulado “O Homem e o Macaco”, em resposta a um padre que tinha pregado nessa cidade: “E ainda há sábios que acreditam que o homem descende do macaco!... Nós somos todos filhos de Nosso Senhor Jesus Cristo!...”

O açoriano esclareceu que “não há sábios que acreditam que o homem descende do macaco (...) mas que ambos deveriam ter sido produzidos pela transformação de um animal perdido e mais caracterizado como macaco do que como homem.

Eis o que se disse e o que se diz e, se isto não se prova, o contrário também não”. Adaptado daqui

Francisco de Arruda Furtado nasceu em Ponta Delgada, a 17 de Setembro de 1854. Foi autodidacta, não possuindo qualquer grau académico, embora tenha sido foi colocado como adido no Museu de História Natural da Escola Politécnica. Morreu na Fajã de Baixo, arredores daquela cidade, em 21 de Junho de 1887.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

WEGENER: Gostaria de agradecer ao eventual soldado português que me deu um tiro

Entrevista imaginária a Wegener

P: Doutor Wegener, onde e quando nasceu?
Wegener: Nasci em Berlim no ano de 1880.

P: Qual era a profissão do seu pai?
Wegener: Meu pai era pastor da igreja protestante.

P: Gostava de estudar?
Wegener: Sim, muito. Estudei na Universidade de Berlim, Heidelberga e Insbruque.

P: Que curso frequentou?
Wegener: Estudei Astronomia e licenciei-me aos 25 anos, seguidamente fiz uma tese de Doutoramento.

P: Permaneceu solteiro, casou, ou esteve em união de facto?
Wegener: Casei-me com Else Koppen em 1913.

P: Qual foi a sua principal ocupação no ano de 1914?
Wegener: Em 1914, a Alemanha entrou na I Guerra Mundial e eu fui combater como soldado.

P: Combateu durante muito tempo?
Wegener: Nem por isso, fui ferido no início e fui internado num hospital. Foi assim que tive tempo para escrever o livro A Origem dos Continentes e dos Oceanos.

P: Então podemos considerar que o inimigo acabou por prestar um favor, a si e à ciência, uma vez que lhe “deu” disponibilidade para escrever?
Wegener: Ah! Ah! Francamente nunca tinha pensado nisso. Estes entrevistadores bloggers...

P: Uma vez que Portugal enviou soldados para combater a Alemanha durante a I Guerra Mundial, acha possível ter sido ferido por um português?
Wegener: Bem... Existe alguma possibilidade, ainda que muito remota. No entanto, não é uma hipótese a excluir, até porque o ferimento foi ligeiro e Portugal possuía armas pouco potentes.

P: Por que é que a Gronelândia, desde sempre, lhe despertou grande interesse?
Wegener: Bem, eu estava interessado em estudar a circulação de ar nos pólos. No entanto, não escondo que me divertia imenso a esquiar naquela infinidade de gelo.

P: Quais são os seus desportos favoritos?
Wegener: Sempre gostei de esquiar e de fazer alpinismo.

P: Além da Gronelândia, que outro local gostaria de explorar?
Wegener: Gostaria muito de subir a montanha do Pico.

P: Mudando de assunto, em que consiste a sua teoria?
Wegener: Propus que os continentes actuais estiveram unidos no passado, formando um supercontinente denominado Pangeia.

P: Que argumentos apresentou para defender esta teoria?
Wegener: Apresentei argumentos geográficos, paleontológicos, paleoclimáticos e geológicos.

P: Por que é que alguns eminentes cientistas da época consideraram a sua teoria ridícula e inadequada?
Wegener: Talvez por haver um sentimento anti-germânico após a I Guerra, ou ainda por a igreja ter muita influência e defender a criação do mundo segundo os relatos bíblicos. Também devido à minha formação académica não ser da área da Geologia. Contudo, não devo esconder que tive dificuldades em esclarecer a origem da força que separou os continentes.

P: Sentiu-se humilhado perante estas críticas violentas?
Wegener: Não, apenas percebi que necessitava de trabalhar mais para consolidar a Deriva.

P: Desejamos, desde já, agradecer a sua entrevista e saber se quer deixar uma mensagem final aos nossos leitores?
Wegener: Desejaria que, tal como eu, nunca desistissem perante as dificuldades da vida e, sobretudo, que fizessem o seu melhor, onde quer que se encontrem.

"...é como se tudo passasse ao recortarmos uma folha de jornal. Basta apenas juntarmos os pedaços para encontramos os segredos da Terra...” Alfred Lothar Wegener.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Hossana, Hossana, Houssein Obama – A fita mais nomeada para os óscares

O filme mais nomeado para os óscares deste ano é, sem dúvida, Obama. Entre as 10 nomeações atribuídas, constam a de melhor argumento, melhor actor principal, no papel dele próprio, e melhor actriz secundária, porventura a mais Hilariante deste elenco.

Registe-se também, uma nomeação com sotaque português, através de Pete Souza, neto de açorianos, para o óscar da melhor fotografia.

Atente-se que esta super produção é a mais cara de sempre da história cinematográfica americana, apesar de, registe-se a ironia, o argumento ser sobre o filho de um pobre imigrante queniano que chega a presidente dos EUA.

No enredo, o protagonista, depois de eleito, recebe a missão de resolver as crises americana e mundial. O que faz muito sentido, uma vez que foi a crise americana que contagiou o globo e, logo que esta esteja resolvida, tudo voltará à normalidade.

Mas o momento mais enternecedor desta longa-metragem é aquele em que Obama, o presidente do país que se acha o farol da democracia e dos direitos humanos, decide fechar Guantanamo, uma prisão ilegal à luz do direito internacional.

Para levar a cabo esta hercúlea tarefa, Obama tem de pedir auxílio ao seu amigo Amado, que prontamente se disponibiliza a receber dezenas de prisioneiros sem culpa formada, no seu pobre e pequeno país.

Apesar de ingénuo, o personagem Amado - um ministro português - revela ter um grande coração e, sobretudo, uma grande coerência.
Pois a sua pátria já recebe, desde há muito, repatriados que, na maioria dos casos, também são uns pobres coitados que nunca praticaram infracções passíveis de tão desproporcionada penalização.
Então, por que não haverá Amado de receber mais umas vítimas do desmando americano?

Se Amado governasse um país com auto estima e sem complexos de inferioridade, pura e simplesmente diria não a Obama.
E já tinha aplicado o princípio de reciprocidade, em relação aos americanos que se encontram nas prisões portuguesas, repatriando-os também.
Mas não é o caso.

Sobre o personagem Obama, há a salientar a esperança que ele irradia. Esperança que os americanos poluam menos, assim como, se prontifiquem a descontaminar todos solos e aquíferos que poluíram, incluindo nos Açores.

Ou seja, Obama representa a justiça do princípio poluidor - pagador.
Algo perfeitamente normal para a generalidade dos países, mas, por mais estranho que pareça, pouco comum nesta super-potência.
E o filme termina levantando algumas interrogações que induzem o espectador à reflexão.

Será sensato depositarmos tanta confiança num líder de um país estrangeiro, que nem é da EU, para resolver os nossos problemas?

Será sensato confiarmos tão cegamente nas escolhas do grande público americano, logo após este nos ter enfiado dois barretes seguidos, na sequela W. Bush?
E por que somos levados ao fazer?
Será por não termos por cá líderes credíveis em quem confiar?

Não sei.
Sei, contudo, que pode haver a tentação de utilizarmos o pretexto sebastiânico Obama-salvador-do-mundo, para nos demitirmos das nossas responsabilidades e esperarmos sentados que os outros se mostrem disponíveis para a resolução dos nossos problemas.

Se for assim, bem nos podem dizer, que ainda bem que nos sentámos.

Resultado dos inquéritos

Autárquicas 2009 - Câmara Municipal de Lajes do Pico

Qual o candidato PSD mais bem colocado para vencer as autárquicas?

Sara Santos...............4 (7%)

Cláudio Lopes.........10 (17%)

Jorge Jorge...............2 (3%)

Outro.......................40 (71%)


Qual o candidato PS mais bem colocado para vencer as autárquicas?

Manuel Costa.................10 (13%)

Lizuarte Machado........... 2 (2%)

Roberto Silva.................29 (38%)

Hernâni Bettencourt....23 (30%)

Outro.............................11 (14%)