domingo, 30 de agosto de 2009

Um dos grandes do canal

Norberto Fontes mestre das Lanchas do Pico é um dos últimos sobreviventes da grande odisseia do Canal. Natural da Terra do Pão, freguesia de São Caetano, foi viver para a Horta quando começou a andar no mar.

Hoje, com 68 anos de idade, vive nos Estados Unidos da América, desde 1978 quando procurou melhorar a sua vida.

Relembra com saudade o mestre José Medeiros e o mestre Feijó, seus companheiros na aventura do Canal que já partiram para a eternidade.

Norberto Fontes guarda desse tempo ricas memórias que o têm acompanhado toda a sua vida, bons e maus momentos passados na travessia do Canal.

Na sua terra de adopção, teve várias profissões, desde marinheiro, a proprietário de um restaurante e funcionário de uma escola.

Mas na sua memória o que recorda com especial carinho foram os tempos em que andou a servir o Canal nas lanchas Espalamaca, Velas e Calheta.

O antigo mestre ao vê-las definhar sente um aperto do coração e até diz que as lágrimas vieram aos olhos quando as foi ver ao estaleiro onde jazem.

Norberto Fontes diz que “sente pena” que ninguém tenha tido em atenção a preservação deste património do Canal, reconhecendo que salvaram muitas vidas.

Para Norberto Fontes era importante que se tivesse preservado estas lanchas com a sua recuperação e colocando-as num espaço tipo museu para poderem ser admiradas como memória do passado dando como exemplo o que fizeram com a saga da caça à baleia.

Na conversa, recordou alguns momentos que viveu de maior aflição. Por mais do que uma vez saiu do porto sem autorização do capitão do porto.

Uma dessas vezes foi quando teve que ir à Prainha do Sul levar levedura.
O tempo estava muito mau mas lá foi e quase que não chegava na viagem de regresso.

Por essa proeza apanhou uma multa de 100 escudos e um castigo na cédula marítima.
Outra das situações foi no porto da Horta com o tempo muito mau tiveram que salvar o Terra Alta que estava amarrado para ele não naufragar.

Outra viagem de que guarda memória foi numa vinda ao cais da Madalena buscar uma senhora em trabalho de parto, mas como o tempo estava horrível o capitão do porto não o queria deixar sair.

Mas Norberto Fontes lá saiu e na viagem de regresso levou uma hora e meia a chegar.
Quando chegou acima do cais da Horta foi preso por ter contrariado uma ordem superior, mas com a ajuda de amigos acabou tudo bem.

O mestre reconhece que muitas vezes corria riscos, mas tudo era feito de boa vontade porque a sua missão era servir as pessoas.

Desse tempo refere que é pena que tudo tenha ficado para trás embora as coisas tenham melhorado bastante a nível dos transportes e das acessibilidades.
Excerto de um artigo do Ilha Maior de 28 de Agosto de 2009

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Semana dos Baleeiros - Lajes do Pico


Consulte o programa da Semana dos Baleeiros aqui

domingo, 23 de agosto de 2009

Investida blogosférica

Ontem ocorreu o terceiro Almoço Bloguista, organizado pelo José Augusto.
Quero confessar que me sentia bastante apreensivo antes deste encontro, não só por ser o meu primeiro almoço blogger, mas também por ter de defrontar o blogger mais representativo do lado terrível do canal.
Sim, o Geocrusoe, ele mesmo em pessoa.

Logo de início, escolhi um lugar amplo para me sentar, de modo a poder ter algum espaço de manobra e não ficar encurralado contra a parede.
Foi o que aprendi quando assisti a algumas refregas de fado vadio nas tascas do Bairro Alto.
Seguidamente, procurei um objecto suficientemente cortante para não ficar desprevenido.
E então iniciei o embate.
Logo no primeiro assalto cortei com a mão direita enquanto segurava com a mão esquerda, e só terminei quando ele estava todo estraçalhado.
Mesmo assim, sem piedade nenhuma, devorei-o.
Só posso dizer que me soube muito bem!!!

Depois do bife, ataquei uns torresmos e uma linguiça até a coisa ficar mais composta.
Pelos vistos não fui o único a apreciar esta contenda, pois, como podem ver, a sessão de fotografias foi interminável.
De facto, o convívio foi tão enriquecedor que só me resta agradecer ao organizador e aos convivas.
Até para o ano!

A Lúcia fotografa pacientemente o grupo (A ideia da foto foi de Mar de Bem)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Um debate adiado?

A inclusão de António Preto nas listas do PSD vem contribuir para o aumento de ruído na próxima campanha eleitoral.

Temo que se relegue o essencial para segundo plano, mais propriamente, como tornar a justiça célere, a educação eficiente, o desemprego residual, a saúde com mais qualidade e a produção de bens mais competitiva, de modo a nos aproximarmos dos nossos parceiros comunitários.

É urgente um debate eleitoral que aponte soluções para o mal difuso judicial, pondo termo às intermináveis suspeições, quase sempre inconclusivas e com violações cirúrgicas do segredo de justiça pelo meio, que indiferenciam justos e inocentes.

Os casos Universidade Moderna, António Preto e Helena Lopes, BPN, assim como os casos, licenciatura, projectos da Guarda, Freeport, apartamento Heron Castilho, poderão enlamear os visados, muito por culpa das suas organizações partidárias, frequentemente no poder, não terem sabido, ou querido, reformar a justiça.

Assim, o tema da honorabilidade dos candidatos, que há muito deveria estar resolvido – lembro que o caso António Preto já leva 7 anos e o caso Freeport já era conhecido na anterior legislatura, passará, inevitavelmente, de acessório a central.

E então o eleitor é chamado a apreciar não só as propostas dos candidatos, mas também a julgar sua honradez.
No fundo, terá de calcular o rácio honestidade/programas, à semelhança dos eleitores de um antigo prefeito e governador de São Paulo que teve como slogan de campanha "Roubo mas faço".
No extremo oposto, o eleitor terá de calcular as vantagens de um candidato honesto mas pouco dinâmico que poderia ter como lema o “Ruim por ruim vota em mim”.

Enfim, mais ou menos explícitas, haverá solicitações para todos os gostos, não podendo o eleitor lamentar-se da falta de alternativas.

E lá uma vez mais o essencial não será debatido nem referendado, incentivando-se com isto a ineficiência e a continuação do saque do nosso país pelas associações corporativas e lobbies.

Prémio Máquina de Blogue


O conceituado blogue Máquina de Lavar distinguiu o Basalto Negro com o recém criado prémio "Máquina de Blogue" e uma quantia monetária, ainda não especificada, mas muito próxima dos jackpots dos prémios euromilhões.
Rui, uma vez que não tenciono ir a Ponta Delgada tão cedo, envia-me a massa por um barco qualquer, à excepção do Atlântida.

Desta vez vou nomear alguns blogues que se destacam no exercício de uma polémica saudável e assim entusiasmam a blogosfera:

Ardemares

Povo Açoriano Isso não Dá Pão

Metropolitano Açores

Mataram a Tuna

Defender o Pico

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mar róff de inverno






Perante um dia de calor como o de hoje, só me apeteceu refrescar o espírito, e a memória, com algumas imagens de maresia invernal.
Foi ao meu arquivo procurar algumas que não resisto a partilhar com os internautas.
Os fenómenos naturais serão idílicos para uns - normalmente os visitantes, impiedosos para outros - os residentes.
Indesejadamente cíclicos, suspeitamos, para todos.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Céu de Agosto

Pormenor da Lua
Júpiter

Júpiter e os seus satétiles galileanos: Io, Europa Ganimedes e Calisto

Com a ajuda de um telescópio poderá perscrutar o céu de Agosto. Se não tiver este recurso, poderá pedir informações numa escola do 3º ciclo ou secundário da região.

Penso que qualquer uma destas escolas possui telescópios que utiliza em observações destinadas à comunidade escolar.

Aconselhamos a observação da Lua, de preferência em quarto minguante ou quarto crescente para não ferir a vista com a sua luminosidade. Depois experimente apontar para Júpiter e observar os seus satélites.

Se se levanta cedo, poderá ainda observar a estrela-da-manhã (planeta Vénus), algumas horas antes do nascer do Sol.


*Fotos captadas pelos professores Horácio Ferreira e Paulo Pereira, através de um telescópio TAL-1 e uma web câmara adaptada, na Escola Secundária Vitorino Nemésio.

sábado, 1 de agosto de 2009

As escolas do crime

Não se trata de os funcionários serem honestos ou desonestos, trata-se da tolerância institucionalizada da corrupção. (...)

A tese é de Pacheco Pereira, numa das suas colunas habituais, e deveria ter provocado uma onda de manchetes e aberturas de telejornais. Ninguém ligou, ninguém se indignou, ninguém o ameaçou com um processo por difamação. As ditas escolas do crime mantiveram-se imperturbáveis.

Como se estas afirmações fossem meras banalidades, mais ou menos consensuais que não vale a pena discutir - um típico assunto de Verão. (...)

Já anteriormente Pacheco Pereira tinha proposto que a corrupção - um dos principais problemas do sistema político português - fosse um dos temas principais das próximas campanhas.

Deveria sê-lo. Estamos à espera do que a dra. Manuela Ferreira Leite tem a dizer. A política que o actual Governo seguiu a este respeito é uma daquelas que ela deveria rasgar em bocadinhos muito pequeninos, mas não vemos grande entusiasmo para esses lados. (...)

As carreiras criminosas começam nas jotas: são o primeiro passo para os grandes negócios escuros, depois do tirocínio num lugar de assessor ou vereador numa Câmara ou nos outros lugares (empresas públicas municipais ou estaduais) que os partidos do poder consideram seus.

Também se descreve com muita precisão como as ferozes lutas dentro dos partidos são uma luta por poder e por lugares e como isso envenena toda a gestão da coisa pública.

No PS ou no PSD ou, em menor escala, no CDS/PP. O resultado são os Freeports. Ou o BPN, onde de repente o saque se tornou quase sem limites com base num sentimento de impunidade que parecia inteiramente justificado. O debate sobre a corrupção é por isso o mais importante dos debates que podemos ter em Portugal. (...)

O motivo pelo qual a chegada dos fundos estruturais e outras ajudas comunitárias não chegaram para qualquer crescimento da economia portuguesa.

As razões da sua estagnação persistente que é anterior à crise actual.

O que não quer dizer que se consiga discutir seja o que for: os interesses instalados à volta da corrupção (e as suas agências de comunicação) não podem impedir que de vez em quando os clamores contra a corrupção encham os órgãos de comunicação.

Mas mostram uma grande eficácia em transformar estas ondas de indignação em fogachos que duram pouco e em limitar o seu espaço na comunicação social.

O silêncio com que foram recebidas estas acusações de Pacheco Pereira é a melhor prova dessa eficácia.

Artigo de Saldanha Sanches que pode ler aqui