quarta-feira, 30 de abril de 2008

Quantos passageiros da TAP, com destino ao Pico, são obrigados a escalar as Lajes ou Castelo Branco?

(Clique para ampliar) Foto gentilmente cedida pela profª Goreti Batista

PSD-Pico insiste no reforço das ligações aéreas

A Comissão Política da Ilha (CPI) do Pico voltou a insistir esta semana no reforço das ligações aéreas com o exterior da Região.
Em comunicado, a CPI considera que um voo semanal entre Lisboa e o Pico, com regresso à capital pela ilha Terceira na terça-feira, é “insuficiente e defrauda” as expectativas que foram criadas com a nova gateway.
Além de não servir a população, acrescenta a CPI, esta única ligação semanal não tem servido o comércio local, nem os clubes desportivos que, em várias modalidades, participam nas competições nacionais.
A conjugação de todos estes factores justifica, segundo o presidente da CPI, Cláudio Lopes, a realização de mais um voo na época baixa, e, no mínimo, três voos na época alta: “Só assim, é que será possível justificar este grande investimento no Pico (...)
Por outro lado, acrescenta, que seria interessante conhecerem-se as taxas de ocupação de determinadas rotas em determinados dias da semana para algumas gateways. Tal como seria interessante que alguém se propusesse estudar o número de passageiros picarotos que vão para Lisboa por outros aeroportos da Região, bem como o de passageiros que tem a ilha do Pico como destino, vindos das mais diversas partes do mundo.

In Ilha Maior de 24 de Abril de 2008


Saudamos todas as iniciativas que visam o desenvolvimento da nossa ilha, independentemente de quem as realiza. Ou propõe realizar...
Isto porque, de boas intenções está o inferno cheio, diz o povo. Pois, estando o PSD representado no nosso Parlamento, saberemos, dentro de algum tempo, se este discurso se destina apenas a consumo interno, ou seja, unicamente para “picoense ver e votar”.
Ou se terá a sua consequência lógica, com a aprovação na Assembleia de uma resolução que determine quantos passageiros saem, ou têm como o destino o Pico, em que dias e em que épocas.
Estamos em crer que todos os nossos representantes, da mesma ou de outra orientação política, anseiam pelo progresso do Pico e darão o seu aval a esta proposta. Ou, então, avançarão com outra que tenha a mesma finalidade.
Ou, pelos menos, explicar-nos-ão por que não o fazem.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Sidónio Bettencourt(1)

(Clique para ampliar) Foto gentilmente cedida pela profª Goreti Batista

RESIGNAÇÃO

O tédio esta manhã, a ilha descoberta trazendo o mesmo cheiro amargo.
a atmosfera sem pintura.o navio.o mar ao largo. o voo da gaivota sem ternura

lá vão
a carroça, a bilha do leite,
o cão, a missa, o vapor, tudo aceite

O vulcão em banho de broa. o amor apertado na lança. cantarei contigo sempre à toa do lado azul da esperança.

Lá vão
a carroça, a bilha do leite,
o cão, a missa, o vapor, tudo aceite

raiz em envelope fechado. sagrado, feito emoção. isto não tem fim, não... no meio o mar, o grito. a balada. a força da razão

lá vão
a carroça, a bilha do leite,
o cão, a missa, o vapor,

tudo aceite.

Sidónio Bettencourt

Do livro " Deserto de Todas as Chuvas "


(...)O mesmo tom de cumplicidade pode ser detectado em Deserto de todas as chuvas (2001), de Sidónio Bettencourt (S. Miguel, 1955), picoense por razões de escrita e reivindicação de raízes familiares. Ao instituir a rua de baixo como o seu microcosmo de referência (não é necessário que todos os "condados" tenham a dimensão do de Faulkner), o autor faz convergir nele os traços de um universo lajense (e, por extensão, insular) de relacionamentos humanos que a precariedade e as contingências da vida tornam ainda mais íntimos, na festa e no luto, no medo e na euforia - num discurso marcado pela enumeração e a acumulação e tendendo à representação global desse mundo e à sua revelação. Noutros casos, porém, as imagens aí colhidas esbatem o seu valor referencial, desviadas já para um processo em que a voz lírica se faz ouvir perante o silêncio para dar-nos a conhecer um mundo interior tumultuoso, dividido entre as vivências do passado e as do presente, num discurso marcado pela força transfiguradora da subjectividade e de um manuseamento verbal que transformam o real evocado em pura matéria poética.

http://www.adiaspora.com/_port/educa/trabalho/fernandoalvares.htm

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Impressões sobre o 24 de Abril



“ Um mal necessário na época. Portugal partiu uma perna. Ele foi o gesso. Fez comichão, irritou, deformou. Quando curada, o emplastro caiu e o País recomeçou a andar.” Agostinho da Silva

“Salazar não é um chefe que se ame, mas um técnico de poder, que se admira e em quem se tem confiança. Aliás, não é admirado por aquilo que faz: o seu prestígio vem daquilo que a priori se acreditou que era capaz de fazer” R Bréchon

“Rodeia-se de um grupo de fiéis colaboradores sempre prontos a obedecer-lhe e a bajulá-lo, manobrando-os cinicamente como “peões” de um jogo, promovendo-os ou fazendo-os cair em desgraça conforme o seu interesse pessoal” P Marques

“Chega a realizar Conselhos de Ministros com todos os participantes vestidos de sobretudo para poupar energia.” P Marques

"Chegava a discutir directamente pelo telefone os preços dos artigos de mercearia, indo ao absurdo de criar galinhas e coelhos nos jardins de S. Bento e vender animais e ovos para restaurantes, como forma de contribuir para as despesas do palacete e do pessoal.” P Marques

"Não recolheu qualquer benefício material do cargo e são escassos os seu bens, mas deixa a Portugal uma vasta e pesada herança, difícil ou mesmo impossível de gerir.” J Vieira

Poema sobre Salazar - Fernando Pessoa

António de Oliveira Salazar
Três nomes em sequência regular…
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.

Este senhor Salazar
E feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve o sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.

Oh, c’os diabos!
Parece que já choveu…
… … … … … … … … …

Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho…
Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.

Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé:
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café

terça-feira, 22 de abril de 2008

Homenagem à minha Terra, de acordo com a ortografia de Adélia Prado


Anímico

Nasceu no meu jardim um pé de mato
que dá flor amarela.
Toda manhã vou lá pra escutar a zoeira
da insetaria na festa.
Tem zoada de todo jeito:
tem do grosso, do fino, de aprendiz e de mestre.
É pata, é asas, é boca, é bico, é grão de
poeira e pólen na fogueira do sol.
Parece que a arvorinha conversa.



A sensibilidade desgovernada que responde pelo nome de Adélia Luiza Prado de Freitas nasceu a 13 de dezembro de 1935 e vive em Divinópolis (MG), uma cidade situada a oeste de Belo Horizonte.
Filha de pai ferroviário e mãe dona-de-casa, a mais velha de oito irmãos, fez os primeiros estudos com padres franciscanos. Casou-se e foi ser dona-de-casa. Depois de criar cinco filhos, voltou a estudar e formou-se em filosofia.
Tornou-se poeta depois dos 40 anos, segundo ela, depois que seu pai morreu. Adélia é craque em escrever sobre os fatos do dia a dia e sobre assuntos como amor e religião.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Campanha da amizade

Bem, sou novato nestas coisas dos blogs, mas já vi que não nos sentimos à vontade nas campanhas da amizade.
Será por este tipo de comunicação estimular mais as diferenças de opinião, e consequentemente as picardias, que uma sincera comunhão?
Será porque esta identificação é mais de ideias ou ideais e menos de confiança em personalidades?
Ou será que atribuir amizade a um anónimo ou a um desconhecido, com base apenas nos seus raciocínios confunde os sentidos e corrompe o verdadeiro significado da palavra amizade?
Contudo, salvo excepções, muito ou pouco constrangidos, acabamos todos por participar e trocar galhardetes.
Aqui vão, portanto, os meus. Blogs nomeados:

Castelete Sempre – Por ser uma referência e pelo bom gosto em todos os temas que apresenta.

Geocrusoe – Do melhor que temos visto na divulgação da Geologia.

Na rota das hortências – Um blog muito assertivo e incansável na promoção da sua terra.

À cão grandíssimo: - Por ter percebido que o insulto gratuito tem um efeito boomerang sobre a causa que se propunha defender e ter fechado o blog.

Almajense : Pela forma positiva que defende as Lajes.

Lajes do Pico: Pela postura crítica que tem face aos problemas.

Air Pico: Pela defesa de um bem que nos é muito caro.

Paulo Estêvão – Pela lufada de ar fresco que traz à política regional.

Juliana Couto Arquitectura: Por trazer a arquitectura para a blogosfera, de forma despretensiosa.

Activismo de sofá: Pela abordagem sincera que faz aos temas da actualidade.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Pedro da Silveira (1)

(À maneira de Cesário Verde, propositadamente)

A agitação dos dias de baleia!
Marinheiros correndo para o porto.
Iguala o Universo num grão de areia
e o Nada é um doutor de olhar absorto.

A bomba que rebenta na vigia
sacode o ar num sobressalto de asas.
A vida igual de sempre dir-se-ia
outra na lida habitual das casas.

Mas à agitação se segue logo
uma ansiedade vã sobre a paisagem:
em cada coração crepita um fogo
à espera apenas de uma leve aragem.

Depois, qualquer sinal no horizonte
parece um barco – e uma baleia morta?
Um binóculo espreita, ali defronte,
E um vulto de mulher assoma à porta.

Inquieto, alguém pergunta: - Que é? Que foi?
Um coração lento cruza a dúbia praça;
reflecte a placidez do boi
a morna placidez da tarde baça.

Mas não há uma vela pelo mar!
As horas passam, moles, arrastadas...
A noite vem... Os botes sem chegar!
E um choro enche as casas desoladas.


Pedro Laureano Mendonça da Silveira (1922-2003), natural da Ilha das Flores, nos Açores, foi um poeta e investigador de avantajada cultura, com colaboração dispersa em numerosas revistas, açorianas e continentais. Pertenceu ao conselho de redacção da Seara Nova até 1974. Foi, depois do 25 de Abril, membro da comissão de gestão da BN-Biblioteca Nacional, tendo-se reformado como director de serviços desta instituição. Também publicou «Sinais de Oeste» (1962), «Corografias» (1985), «Mesa de Amigos» (versões, 1986), «Poemas Ausentes», (1999) e «Fui ao Mar Buscar Laranjas» (Poesia 1942-1961).

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Por que precisa o Pico de deputados com perfil Decq Mota ou Paulo Estêvão?

A ilha do Corvo tem cerca de 400 alminhas, assemelha-se em população à freguesia de S. João, da Ribeirinha, ou mesmo da Calheta do Pico.
E ficou de fora do programa 60+. Contudo, o candidato do PPM à Assembleia Regional, estão a ler bem, do PPM, lavrou um enérgico protesto que culminou com a visita de um idoso ao Corvo.
Estamos a falar de Paulo Estêvão que, como demonstra o seu blog, não é homem para baixar os braços ou ficar calado.
É um verdadeiro profissional e, como tal, jogará em qualquer equipa que o contrate. Sinceramente, não vejo onde está o mal, o homem está decidido a defender quem lhe pagará um bom ordenado, ou seja quem o elege.
O drama seria se ele não se esforçasse ou, uma vez eleito, esquecesse os eleitores, passando a venerar apenas quem o tinha colocado em lugar elegível. Esta situação é meramente académica e estamos em crer que nunca terá ocorrido por cá.
Decq Mota, parlamentar de reconhecida qualidade, já foi candidato por S. Miguel e pelo Faial e deu sempre garantias de defender bem quem o elegeu.

O Pico necessita de melhores políticas de saúde (as conclusões das “Políticas de Saúde” do PS dos dias 25 e 26 de Março são um ultraje), dos transportes (a concentração das portas de entrada e saída para o transporte marítimo é uma afronta), da economia (o caso “ilhas de coesão” é lastimável) do ambiente (a ilha com maior área protegida deveria ser sede da Secretaria Regional do Ambiente), do turismo (não se dá prioridade à resolução do imbróglio do campo de golfe do Pico), na educação (o parque escolar está longe de estar completo), na agricultura (nunca houve uma política de valorização dos nossos produtos), nas pescas (a frota e a formação dos nossos pescadores são desadequadas).

Tal como faz aos corvinos, o poder regional trata os picoenses pela cartilha salazarista dos distritos. Ou seja, investe, claramente, em S. Miguel, Terceira e Faial, esperando que as restantes ilhas prestem vassalagem às suas ex- capitais.

Perante esta situação, surgem duas atitudes distintas.
Uma, a dos deputados da maioria, dá a entender que tudo está bem. Que os nossos problemas foram previamente detectados pelo governo e que também serão, a seu tempo, solucionados pelo mesmo.
Mas então, pergunta-se, qual a utilidade destes “intermediários”? Serão estes elementos dispensáveis, ou mesmo substituíveis, pelos gabinetes de imprensa do poder?
Não deveriam os deputados levantar questões, mover influências e ser, por vezes, inconvenientes?

Outra atitude parece ter o PSD do Pico. A de contestação, mas sem propor alternativas, ou de se pronunciar sobre a necessidade de uma maternidade no Pico, ou de uma secretaria regional na ilha. Será que o PSD Pico é suficientemente autónomo, ou tem suficiente autoridade para afrontar o eleitorado faialense da mesma área partidária, com estas propostas?

Se a minha análise está correcta, então deveríamos ver com bons olhos a emergência de uma terceira força política no Pico (PP, PCP, BE ou PPM) que viesse agitar o “pataca a mim, pataca a ti” dos partidos do “centrão”. Pois desde 74 que somos governados, ora por um, ora por outro e o desenvolvimento do Pico foi sempre adiado.

Penso que o Pico precisa de deputados reivindicativos e que as ideologias já não interessam.
Desejamos que o intenso trabalho que os srs deputados realizam na Assembleia seja traduzido em obra e que tenha consequência.
Para que não se pense que este trabalho só é proveitoso para os intervenientes se aquecerem nos frios dias de Inverno.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Vida

(Clique para ampliar) Foto gentilmente cedida pela profª Goretti Batista


"Calados, mudos,
no buraco metidos,
sem coragem de nos mexermos,
de medo transidos,
sempre despertos os cinco sentidos
não cheguem lá fora os ruídos
do mastigar das migalhas
das mesas caídas;
a vida cobarde a toda a hora agradecida,
como esmola recebida ...
isto não, não é vida!"

[Joaquim Namorado, in Incomodidade]

Joaquim Namorado (1914-1986) nasceu em Alter do Chão, Alentejo. Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Notabilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, entre outras.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Lajes do Pico

Das Lajes
Contemplo o pico
Do Pico





E, naturalmente,
Deste piquinho
Do Pico


Avisto lajes
Que são
Seguramente
Do Pico

Clique para ampliar - Foto gentilmente cedida pela prof Goreti Batista

terça-feira, 1 de abril de 2008

O estado da saúde no Pico, segundo os seus representantes


Subordinadas ao tema “Políticas de Saúde” as XV Jornadas Parlamentares do PS/Açores tiveram lugar na ilha do Pico nos dias 25 e 26 de Março.

Durante dois dias os deputados socialistas mantiveram contactos com várias entidades ligadas às áreas da saúde e da solidariedade social, tendo como convidado deste encontro o secretário regional da tutela, Domingos Cunha.

Estes trabalhos parlamentares inseridos no objectivo de conhecer in loco a realidade de todas as parcelas da região, constataram, com particular incidência nesta ilha, a “elevada qualidade infra-estrutural” dos respectivos equipamentos e dos recursos humanos ao serviço desta instituições.
Na área da acção social os deputados sustentam que apresenta “parâmetros de excelência idênticos às demais ilhas da Região”.(...)

Semanário “Ilha Maior” – 28/Março/2008


Não haverá manifesto exagero no “constataram, com particular incidência nesta ilha, a “elevada qualidade infra-estrutural” dos respectivos equipamentos e dos recursos humanos ao serviço desta instituições.”?

Será que eu percebi bem, o tema das jornadas era mesmo “Políticas de saúde”? Ou seria outro, sobre cultura, nomeadamente a ficção?

Afinal, não é relevante o que o blog Lajes do Pico denunciou em http://lajesdopico.blogs.sapo.pt/2007/10/ ?

Estes senhores, apesar de estarem no Pico, não teriam a cabeça noutra ilha… ou noutras andanças?

Ah, que saudades dos espectáculos de Rúben de Oliveira...