A política regional de educação continua à deriva, enredada em profusa e inconsequente legislação, e abafada por uma burocracia irracional.
A titularidade da pasta governamental pouco ou nada interfere com o rumo das políticas educativas. De facto, entre Lina Mendes e Álamo Meneses não existe uma fronteira de consistência ou de competência.
O improviso mantém-se como denominador comum e o desacerto como a sua maior evidência, indiferentes a quem supostamente tem o mando.
Passados nove anos sobre a reorganização curricular empreendida por Guterres, e outro tanto da aprovação de um alegado e pomposamente dito currículo regional, só agora se questiona aquele e nada ainda se adiantou sobre a decisão do Parlamento Açoriano que remonta a Junho de 2001.
A Região parece decidida a alterar a configuração do ensino básico, nomeadamente as áreas curriculares não disciplinares introduzidas por Guterres - Área de Projecto, Estudo Acompanhado e Formação Cívica - que sobrecarregaram o horário alunos e subtraíram tempo precioso à leccionação das disciplinas de História e Geografia, embora mantendo intactos os seus conteúdos programáticos.
O que pretende o governo regional?
Ninguém sabe.
Nem a própria secretária regional se atreve a saber.
Não se conhece qualquer estudo prévio sobre a matéria, susceptível de identificar todos os estorvos causados ao longo destes nove anos e que sendo projectivo aponte um rumo, sem hesitações.
Em vez disso interroga-se as escolas.
E estas interrogam os seus professores.
E estes interrogam-se: para quê?
Ninguém sabe.
Talvez essa seja a virtude do processo.
Joaquim Machado in Diario Insular de 25 de Fevereiro de 2010