ignoram o problema ou, quando se vêem confrontados com ele, acham que não é seu;
odeiam contas.
Encontra-se, do outro lado, gente que gosta ou se sente obrigada a fazer contas e que acha que, cedo ou tarde, há limites que têm de ser observados (restrições orçamentais, como nos ensinaram, em casa e na escola).
Alguns dos primeiros gostam de apelidar os segundos, sobretudo os mais notáveis, de contabilistas.
Trata-se de uma expressão depreciativa, assente na ideia feita de que os contabilistas são gente trabalhadora e modesta, a quem infelizmente falta, por vezes, alguma mundivivência ou uma apurada formação humanística e cultural.
Apelidar alguém de contabilista, neste sentido, é uma expressão de falta de caridade e de soberba.
Em tempos de luta mais intensa entre os dois campos, como os que vivemos, o uso da expressão leva-nos mais longe.
Quem não gosta ou se recusa a fazer contas apelida os outros de contabilistas;
mais do que perante uma expressão de soberba, que só atinge quem a utiliza, encontramo-nos perante a expressão de um perigo público.
Texto publicado na edição do Expresso de 30 de Janeiro de 2010
2 comentários:
Onde anda o "bardo" Alegre esse paladino da liberdade? não tem nada a dizer?
Ferias sabaticas? Noto que muito dos blogs ja perderam o interesse.
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