Para o presidente da Câmara das Lajes do Pico, Roberto Silva, o concelho reúne todas as condições para ser sede da secretaria do Ambiente. O autarca critica a visão economicista de concentração do Governo em três ilhas.
O Estatuto Político-Administrativo da Região diz que a Presidência e as secretarias regionais têm a sua sede em Angra, Horta e Ponta Delgada, o que significa que seria necessário alterar o estatuto para que a secretaria do Ambiente pudesse ter sede nas Lajes do Pico. Justifica-se uma alteração ao estatuto?
Porque não pode o Pico, ou outra ilha não capital, ter direito a uma secretaria regional?
Será que os açorianos das ilhas capitais, mais a classe política que o estatuto amarra às ilhas capitais, como no antigo regime, nos consideram "açorianos de segunda"?
Haja vontade e coragem para mudar o que tem que ser mudado e, neste caso, o que é necessário mudar é apenas um artigo de um paradoxal Estatuto centralista autonómico, que acentua ainda mais a dupla insularidade.
Sem isso, os açorianos das ilhas não capitais, são, à luz do bendito artigo do Estatuto, açorianos de segunda, o que é totalmente inaceitável!
A proposta que apresentou gerou críticas dos deputados eleitos pelo Pico na Assembleia Legislativa, tanto por parte do PSD, como do PS. Duarte Freitas acusou-o de desconhecer o estatuto e Lizuarte Machado classificou as suas declarações de "disparates". Como é que reage a estas críticas?
Temos no PS um grande Presidente, um grande líder, um génio político, que é a fonte de inspiração nas minhas acções políticas e de governação, que assentam, quer no respeito pelas suas linhas de orientação, quer na defesa da minha terra, o que devia ser aprendido pelo deputado Lizuarte Machado com mais atenção.
Por outra parte, vemos, do lado do PSD, uma liderança fraca de Berta Cabral, que é um reenxerto partidário no regresso ao passado de MotaAmaral.com igual perspetiva que os Açores se resumem a São Miguel e o resto são "ilhas de baixo", sem esquecer a ajuda em desmontar Duarte Freitas da sua curta cavalgada europeia, por incapacidade política, vislumbrando-se dúvidas, se mesmo com o penoso abaixamento da fasquia, o ex-deputado europeu tem suficiente impulso político para evitar novo estatelamento.
Não são os deputados eleitos para defender a sua ilha?
As declarações de Lizuarte Machado significam que o desafio feito ao Governo Regional não contou com o apoio do PS?
O deputado Lizuarte Machado, que foi o mandatário da minha campanha e que muito nos ajudou a ganhar a câmara, é um independente não socialista, enquanto que o meu enquadramento político-partidário é o de um independente socialista.
Ora, isto explica algumas das suas posições políticas, quer sobre o Governo, quer agora sobre a Câmara das Lajes do Pico, em dissonância com o Partido Socialista e com o Presidente.
Seja como for, a um ano da decisão da escolha dos deputados do PS, quero dizer que darei tudo para ajudar o Presidente e os deputados que se perfilarem para as eleições regionais de 2012, e que tenho a plena esperança que o Presidente compreenda, um dia, a autêntica dimensão ambiental do Pico e o quão justo será atribuir a esta ilha a secretaria regional do Ambiente, para já impedida por estranhas brumas políticas do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, que é essencial mudar.
Extracto da entrevista ao Diário Insular de 8 de Abril de 2011