sábado, 28 de junho de 2008

Natália Correia

eu sou dos açores
relativamente
naquilo que tenho
de basalto e flores

Estraçalhado do poema Autogénese

Natália de Oliveira Correia (1923-1993) Foi uma intelectual e activista social de origem açoriana, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia.

Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres.
Autora da letra do Hino dos Açores.

Foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos costumes, (1966).

«A primeira vez que vi a Natália Correia foi no São Carlos. Eu estava na galeria ela no segundo balcão. Quando? Ui! Aí pelos anos 50. Apesar de já não ter muito afecto a senhoras, ia caindo para o lado do espectáculo de beleza que ela apresentava. Era quase extra-humana, era muito mais linda que a mais bela estátua feminina do Miguel Ângelo. Era uma coisa impressionante. Mas era também uma mulher de um desdém muito grande....»,

Mário Cesariny entrevistado por Carlos Câmara Leme, jornal Público, 2003.03.16 , wikipedia

domingo, 22 de junho de 2008

Os exames ao serviço da propaganda

O país do faz-de-conta

Esta foi uma semana de exames dos ensinos básico e secundário. Mas foi uma semana onde vimos a ministra da Educação congratular-se com os magníficos resultados que os alunos obtiveram nas provas de aferição. De acordo com a ministra Maria de Lurdes Rodrigues esses resultados mostram um progresso assinalável na capacidade de aprendizagem dos nossos jovens.
Mas vejamos os números. Houve, em matemática por exemplo, 8,8% de reprovações no 4º ano e 18,3% no 6º ano. Mas, se olharmos os números do ano passado, veremos que a taxa de reprovações foi mais do dobro (19,7% no 4º ano e 41% no 6º). O que significa isto? Que os nossos alunos progrediram assim tanto, de um ano para o outro, ou que os exames foram simplificados? Cada um retirará as suas conclusões.
Vejamos, entretanto, o que dizem os estudantes no final dos exames que esta semana decorreram: de um modo geral que foram fáceis. Não haverá aqui uma estranha unanimidade? E o que dizem as associações como a dos professores de Português ou a Sociedade de Matemática? Que há facilidade excessiva! E o que dizem os especialistas e os professores? Mais ou menos o mesmo.
Acresce que nos exames actuais os alunos podem ter negativas sem ficarem chumbados. Além de que existem inúmeras facilidades que não existiam, em termos de apoios (v.g. máquinas de calcular, acesso a fórmulas, etc.).
Ora isto, além de pouco resolver do ponto de vista do conhecimento, nada contribui para a motivação dos professores, atrapalha a autoridade das famílias (é muito difícil mandar uma criança estudar quando o sistema lhe diz que não é assim tão importante) e prepara os jovens para um mundo inexistente, um país do faz-de-conta.
Porque nada na vida real é assim tão simples.
In http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/349404

Pois, ao fim de três anos é necessário apresentar resultados. E eles aí estão...

E, a este ritmo, nos próximos três anos ultrapassaremos a França, a Alemanha e a própria Finlândia.
Enfim, seremos o novo farol da educação.

Isto, se tivermos a esperteza saloia de proibir os estudos da OCDE, que nos tem sempre tramado, colocando Portugal no grupo de países abaixo da média, na 37ª posição entre 57 em 2006.

Cá pelos Açores, as PASES de Português e Matemática são feitas na Região, pois os ciclos eleitorais dos Açores raramente coincidem com os do continente. Ou será que a Matemática dos Açores merece ser avaliada de forma diferente da do continente?

Terá esta linguagem perdido o seu carácter universalista?

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Baixa política - Manipular imagens para obter dividendos

Sem comentários!

Só pode ser montagem, pois de acordo com as políticas governativas que vêm sendo aplicadas no Pico, o Zé Fernandes é que terá direito a usar fato.

Claro que este edifício, propriedade do Governo Regional dos Açores, não se encontra neste estado. Alguém, maldosamente, manipulou a foto com a finalidade de insinuar que o governo é desleixado e incompetente na gestão do seu próprio património.

Campo de golfe do Pico, alguém manipulou maldosamente a imagem e transformou o green em mato.

Estas manipulações são sistemáticas e organizadas, chegando mesmo a fazer eclipsar o líder da oposição, Costa Neves, que embora dispondo de muitas oportunidades, fica, assim, impossibilitado de denunciá-las.

domingo, 15 de junho de 2008

Será o Pico propício a dependências?

Há meses surgiu um artigo na imprensa holandesa referenciando a canabis do Pico como a melhor do mundo. É de salientar que a sua venda e consumo é legal na Holanda.

E é também noutros estados, nomeadamente a Califórnia, sendo possível o seu uso para fins terapêuticos. Mas, e aqui a nossa apreensão, muitos jovens utilizam-na para fins recreativos, criando, alguns, dependência a esta substância.

E, continuando a falar sobre dependências, sabemos que o famoso vinho de cheiro do Pico é consumido em qualquer Coroa, festa de Espírito Santo ou Função, como são denominadas nas diferentes ilhas. Apesar de, muitas vezes, este ser rebaptizado de vinho da Caloura, ou dos Biscoitos.

Dizem os entendidos que o seu consumo moderado é benéfico para a saúde. Claro que quem consome um copo e a seguir outro e, já agora, lá vai mais um, pode, como resultado, criar também uma dependência.

Do excesso de consumo de verdelho do Pico poder provocar malefícios ao fígado dos czares é coisa que já não nos podem acusar, podem lá tirar o cavalinho da chuva.

Não por os czares terem desgostado do nosso vinho, mas por a revolução de 1917 ter acabado com toda a corte russa. Enfim, uma medida radical.

Mas isso são águas passadas, o que eu hoje quero dizer é que ainda bem que desviam os voos TAP do Pico para o Faial, quando o tempo não permite aterragens no Pico.

Pois, basta apanhar a lancha e no mesmo dia está-se no Pico. Graças a Deus que há outro aeroporto por perto e a TAP é sensível à sua proximidade.

Estranhamos é o mesmo não acontecer quando a situação é inversa. Ou seja, quando as condições são adversas em Castelo Branco, a TAP prefere voltar a Lisboa, em vez de desviar o voo para o Pico.

Aliás, estranhamos é apenas uma maneira de dizer, porque na realidade não queremos ser responsáveis por mais alguma dependência.

Não vão os senhores passageiros com destino ao Faial gostarem de aterrar no Pico e depois não quererem outra coisa.

É que, como é costume dizer, gato escaldado tem medo de água fria.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Um dia de Portugal


A nuvem que queria ser árvore

Graciosa

S. Jorge e Pico


Verdes de St Bárbara



Imponência

O presépio

As fotos são da autoria da profª a Goreti Batista e foram obtidas na Serra de Sta Bárbara, Terceira, em 8 de Junho de 2008.

domingo, 8 de junho de 2008

Só Fórró em digressão pelas Lajes do Pico

Foto retirada do site do Governo Regional dos Açores

O já célebre conjunto açoriano de música portuguesa, Só Fórró - http://soforroterceira.blogspot.com/, actuou hoje no novo Porto de Recreio das Lajes do Pico.

É sempre de lamentar a pouca segurança que estes artistas têm, pois, como podemos ver na foto, um popular, de fato claro, conseguiu furar o cordão de segurança para cravar uma foto e um autógrafo ao Zé Fernandes.
Quem teve mais sorte foi o Laranjeira, outro elemento da banda, pois fez-se desentendido e, continuando a tocar o instrumento, lá se safou...

Este popular, que não é nem mais nem menos o mordomo da festa, terá pensado: já que paguei a actuação, aproveito e ganho projecção p'rás grandes festas de Outubro, não vá o diabo tecê-las.

Caros Só Fórró, estejam sempre à vontade para nos darem concertos destes, ou arranjos - não sabemos precisar e, já que estão por cá, aconselhamos um grande arranjo às ruínas da Maricas Tomé, entre outros.

sábado, 7 de junho de 2008

quinta-feira, 5 de junho de 2008

O que diz Daniel de Sá

(...)Há alguns meses, Carlos César anunciou a intenção de recuperar a maternidade no Pico. Que ecos se ouviram dessa notícia que foi das que mais feliz me fizeram nos últimos tempos?

Praticamente nada.

Apenas um representante de um partido da oposição se mostrou contrário à ideia por a considerar demasiado dispendiosa... No entanto, há coisas sem preço, como a já dita dignidade humana.


E uma maternidade nem precisa de estar aberta vinte e quatro horas por dia, nem sequer ter pessoal residente. Bastaria que a equipa médica e de enfermagem se deslocasse ao Pico quando solicitada.


Porque, se não é aconselhável uma senhora viajar nas derradeiras semanas de gravidez, não é uma boa medida que isso continue a acontecer nos Açores.


Em vários países está a recuperar-se até o conceito de nascer em casa. E só em caso de complicação se recorre aos hospitais ou maternidades.Há custos que valem a pena. E são esses por que é preciso optar, numa época em que em parte se gere o Estado como uma empresa. A vida está sempre primeiro.

In http://www.azoresdigital.com/ler.php?id=1760&tipo=col

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A inadmissível traição do deputado Renato Moura: a defesa intransigente da sua terra, dos seus eleitores e da sua dignidade

A 29 de Maio de 1991, José Renato Medina Moura (R M) deixou de pertencer ao Grupo Parlamentar, o que levou a que o PSD ficasse sem maioria absoluta.

Quais foram os motivos que levaram Renato Moura a tomar esta decisão?

O incumprimento das promessas do governo relativamente às Flores, ilha pela qual foi eleito. O seu respeito pelos eleitores, levou-o a tomar a posição mais forte que estava ao seu alcance.

O que reivindicava Renato Moura?

O cumprimento das promessas do Governo, sempre adiado, que eram: criação da Escola Preparatória das Lajes, a ampliação da Escola Preparatória das Flores, os problemas da falta de habitação para médicos e professores, a construção do Lar de Idosos, os edifícios das Casas do Povo de Ponta Delgada e da Fajã Grande, o edifício para a Delegação do Centro de Prestações Pecuniárias da Segurança Social, a fábrica para a União de Cooperativas, o reforço do aproveitamento dos recursos hídricos para a produção de energia, a Residencial da Siturflor e o aumento da pista do Aeroporto das Flores até ao limite natural máximo.

Para além destes problemas das Flores, R M sentia que havia um problema de fundo, que era a tentação, cada vez mais indisfarçável, de o Governo impor a sua vontade à Assembleia, perante quem, ao contrário, deveria ser responsável.
É que os deputados, depois de eleitos, têm uma legitimidade que vai muito para além do partido que os escolheu para candidatos.

Entendeu, assim, que jamais poderia trair quem o elegera.

Após a sua passagem a independente, alguns colegas deputados deixaram de o cumprimentar e só o voltaram a fazer quando viram que o presidente do Governo, Mota Amaral, continuava a fazê-lo.

Quem conhecia bem RM, sabia bem que ele não retornaria ao Grupo Parlamentar. Mas se conseguissem que ele não falasse, ou pelo menos se não falasse muito, se insurgisse apenas contra membros do Governo, mas nunca contra o Presidente, já consideravam uma conquista! E melhor se fosse votando sempre ao lado do PSD.

A aflição de alguns e a ânsia de outros não lhes permitiram ver, antes, que ele jamais se “venderia” por lugares ou vantagens, quaisquer que fossem.

“Eu tinha uma profissão, à qual voltei com muita honra, 16 anos depois. “

Renato Moura nunca sentiu o menor arrependimento pela deserção do então partido que suportava o Governo Regional dos Açores, ao longo destes já 17 anos passados.

“Agradeço a Deus por me ter dado a lucidez e a força de como deputado fazer lembrar que o Governo não deve mandar na Assembleia, o que é uma tentação dos executivos, de imporem a sua vontade, substancialmente agravada sempre que os presidentes dos partidos são chefes do governo, através do abuso do mecanismo da “disciplina de voto”.

“Como florentino, acho que a minha ilha ficou a ganhar com a minha passagem a independente.Bastou que eu passasse a independente, para que o Governo acelerasse, de imediato, todas as acções para pôr em execução a célebre Resolução 477/87. O Governo e o PSD – que nessa altura já começavam a não se distinguir – sentiram a necessidade de tentar provar que eu não teria razão. Como relativamente a algumas matérias tudo estava muito atrasado, ou mesmo parado, alguns dos pontos demoraram todavia anos a acabar de se cumprir. Mas estão hoje realizados e tenho a consciência tranquila porque se cumpriram os prometimentos que assumira como deputado.

Nada me importa que estejam hoje nessas obras as placas com os nomes dos governantes que não queriam, mas foram obrigados a construir. Como nada me importa que alguns dos meus companheiros de partido, nas Flores – nomeadamente os que mais me apoiavam na pressão junto do Governo – tenham sido os primeiros a ficar do lado de Mota Amaral para assegurarem os seus lugarezinhos e ou serem candidatos à distribuição das futuras vagas.

Mas permita-me que lhe diga que esse período de um ano e meio foi importante também para o processo político e para os Açores. O debate político tornou-se muito vivo e salutar. Provou-se, pela primeira vez, que a Região se poderia governar com estabilidade, sem maiorias absolutas garantidas. E aprovaram-se iniciativas muito importantes. Sempre viabilizei tudo o que me provassem ser bom, viesse da oposição ou do Governo.”

Adaptação livre de http://www.auniao.com/noticias/ver.php?id=13309