domingo, 28 de fevereiro de 2010

Educação Enredada


A política regional de educação continua à deriva, enredada em profusa e inconsequente legislação, e abafada por uma burocracia irracional.

A titularidade da pasta governamental pouco ou nada interfere com o rumo das políticas educativas. De facto, entre Lina Mendes e Álamo Meneses não existe uma fronteira de consistência ou de competência.

O improviso mantém-se como denominador comum e o desacerto como a sua maior evidência, indiferentes a quem supostamente tem o mando.

Passados nove anos sobre a reorganização curricular empreendida por Guterres, e outro tanto da aprovação de um alegado e pomposamente dito currículo regional, só agora se questiona aquele e nada ainda se adiantou sobre a decisão do Parlamento Açoriano que remonta a Junho de 2001.

A Região parece decidida a alterar a configuração do ensino básico, nomeadamente as áreas curriculares não disciplinares introduzidas por Guterres - Área de Projecto, Estudo Acompanhado e Formação Cívica - que sobrecarregaram o horário alunos e subtraíram tempo precioso à leccionação das disciplinas de História e Geografia, embora mantendo intactos os seus conteúdos programáticos.
O que pretende o governo regional?

Ninguém sabe.

Nem a própria secretária regional se atreve a saber.

Não se conhece qualquer estudo prévio sobre a matéria, susceptível de identificar todos os estorvos causados ao longo destes nove anos e que sendo projectivo aponte um rumo, sem hesitações.

Em vez disso interroga-se as escolas.

E estas interrogam os seus professores.

E estes interrogam-se: para quê?

Ninguém sabe.

Talvez essa seja a virtude do processo.


Joaquim Machado in Diario Insular de 25 de Fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ilha

Minha Ilha…
maior no sonho
e na esperança,
vestida em mistérios
de negro basalto
até onde a vista alcança.
Milha Ilha…
maior na promessa
à volta da mesa
de sopas e carne
rosquilha e véspera
cortejo em beleza.
Minha Ilha…
maior na bravura
do bote baleeiro,
de cesto à cabeça
apregoas na praça
fruta o ano inteiro.
Minha Ilha…
maior no futuro
da promessa adiada…
convoca teus filhos
que venham a Ti,
ou emigra tu, desenganada.
Fotos retiradas daqui

M.M.

In Ilha Maior de 19 de Fevereiro de 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Disortogarfia II: Potras dos Açores

O Plano Regional de Ordenamento do Território para a Região Autónoma dos Açores (PROTA) recebeu nota negativa do Conselho de Ilha do Pico (CIP).

Reunidos na passada terça feira os conselheiros, apesar de reconhecerem a importância do PROTA para o futuro da Região, deliberaram por unanimidade votar desfavoravelmente o documento.

Os conselheiros afirmam que o documento tem pontos que poderão beneficiar o futuro do Pico, mas no global é “castrador”.
O CIP mostrou-se sobretudo preocupado com a forma “encapotada” como o Governo Regional privilegia o desenvolvimento das três antigas capitais de distrito.

“Não podemos permitir que exista um plano de desenvolvimento dos Açores que coloque por terra tudo aquilo pelo qual temos lutado nos últimos anos.

Na sua essência o PROTA determina a existência de três pólos de desenvolvimento a partir dos quais devem ser criadas todas as estruturas. Isso não traz nenhum benefício para a ilha do Pico”, afirmou no final da reunião o presidente do CIP.

Daniel Rosa vai mais longe e lembra que a ilha do Pico foi colocada nas Ilhas de Coesão pelo Governo Regional que, desta forma, volta atrás inserindo-a no pactote das ilhas menos desenvolvidas do arquipélago:

“Em determinados alturas estamos fora das Ilhas de Coesão, noutras alturas estamos fora das mais desenvolvidas, portanto continuamos numa situação dúbia e o Pico, pelo trabalho que tem desenvolvido ao longo dos últimos anos, merece mais respeito”.(...)

Leia esta notícia na íntegra no Ilha Maior de 12 de Fevereiro de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Contabilistas

A sociedade portuguesa encontra-se atravessada por uma intensa batalha ideológica, e política. Encontra-se, de um lado, gente para quem despesa acima do rendimento, e consequente défice, não têm limite;

ignoram o problema ou, quando se vêem confrontados com ele, acham que não é seu;

odeiam contas.
Encontra-se, do outro lado, gente que gosta ou se sente obrigada a fazer contas e que acha que, cedo ou tarde, há limites que têm de ser observados (restrições orçamentais, como nos ensinaram, em casa e na escola).

Alguns dos primeiros gostam de apelidar os segundos, sobretudo os mais notáveis, de contabilistas.

Trata-se de uma expressão depreciativa, assente na ideia feita de que os contabilistas são gente trabalhadora e modesta, a quem infelizmente falta, por vezes, alguma mundivivência ou uma apurada formação humanística e cultural.

Apelidar alguém de contabilista, neste sentido, é uma expressão de falta de caridade e de soberba.

Em tempos de luta mais intensa entre os dois campos, como os que vivemos, o uso da expressão leva-nos mais longe.

Quem não gosta ou se recusa a fazer contas apelida os outros de contabilistas;

mais do que perante uma expressão de soberba, que só atinge quem a utiliza, encontramo-nos perante a expressão de um perigo público.

Texto publicado na edição do Expresso de 30 de Janeiro de 2010

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Já é possivel abastecer aeronaves no Pico


Há por aí a irritante mania de duvidar de tudo e de todos, sobretudo dos governantes. Por que será?
Afirma-se que o prometido afinal não passa disso mesmo, e que só serviu para ganhar uns míseros votos, ou para confundir a população de uma ilha.
Ou talvez mesmo para lhe diminuir a auto estima.
Irra!

Mas a verdade é como o azeite e vem sempre ao de cima. E o óbvio, como óbvio que é, toda a gente o vê.
Ou não vê, se for caso disso.

Só por má fé, ou por não querer ver, é que se teima em afirmar que se adiou o inadiável, não cumprindo o compromisso assumido.
E que continua a meio o que só faz sentido quando completado por inteiro.

Por isso, há quem seja prudente e use de toda a cautela no anúncio de infra-estruturas estruturantes, pois, como se sabe, gato escaldado de água fria tem medo.

Só depois de muita ponderação se anunciou que as infra-estruturas de abastecimento de aeronaves do Aeroporto do Pico estariam concluídas em Junho de 2007.
Porque mesmo antes de Junho de 2007, e à vista de todos, era possível abastecer aviões no Pico.

E olhem que construir infra-estruturas desta envergadura é obra nunca anteriormente empreendida. Nunca se havera construído instalações de abastecimento de combustíveis para aviões nos Açores, quiçá por esse mundo fora.
Por isso, haverá alguém em condições de censurar a precaução do sr governante?

Perante esta hercúlea tarefa foi preciso, sem demoras, meter mãos à obra.
Reinventou-se a roda.
Redescobriu-se o fogo.
Mas o esforço foi compensado num longínquo dia de Setembro de 2007, em que o senhor Secretário Regional da Economia finalmente pode afirmar, no Parlamento Regional, que o processo estava na fase final de licenciamento.

Mas licenciar empreitadas nunca outrora realizadas, talvez no planeta, é tarefa ciclópica. Falta sempre alguma folha de papel selado, ou até um gatafunho. Nunca descurando que o gatafunho deve constar na folha de papel selado apropriada.
E não em outra qualquer.
Uma construção desta dimensão, impar no Universo, requer resmas de papel selado.
E resmas de gatafunhos.

Mas sempre se havera licenciar um serviço tão especial, que também se poderá designar de espacial, se considerarmos todo o desenrolar do seu processo.
Assim como a sua fonte, que é daquelas que quando nasce é para todos.
É certo que só está disponível de dia. Mas também não necessita de ser importada, não é poluente e é cem por cento renovável.
E, seguramente, já estava acessível muito antes 2007, sempre o soubemos.

Só falta mesmo é a TAP e a SATA adquirirem as aeronaves adequadas à especificidade do parque construído.

Pois, muita razão tinha o senhor Secretário Regional da Economia, quando afirmou, em Setembro de 2007, que o parque de combustíveis do Aeroporto do Pico já estava concluído.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Quatro freguesias do Pico já aderiram ao projecto Ecofreguesia

Foto retirada da net
Foto retirada da net

São já 52 as freguesias açorianas que aderiram ao projecto Ecofreguesia – Freguesia Limpa, lançado pelo Governo Regional.

O número foi revelado esta tarde pelo secretário regional do Ambiente e do Mar, durante a celebração de um protocolo entre o executivo e a delegação nos Açores da Associação Nacional de Freguesias.

Com o objectivo de ajudar a manter as ilhas limpas, este projecto, a que o executivo dá apoio através da Direcção Regional do Ambiente, pretende envolver as Juntas de Freguesia na sensibilização das populações para a limpeza e combate aos depósitos ilegais de detritos.

As autarquias locais e o Governo contam com o voluntariado e a auto-estima dos cidadãos para êxito da iniciativa, envolvendo diferentes ideias e planos de acção, de freguesia para freguesia.

Um júri vai percorrer todas as freguesias aderentes, atribuindo àquelas que forem consideradas limpas a “Bandeira Verde”, que será hasteada na sede da autarquia.

Até ao momento, por ilhas, aderiram 20 freguesias de São Miguel, oito da Terceira, sete do Faial e outras tantas de São Jorge, quatro do Pico e três de Santa Maria e das Flores.

Noticia retirada daqui