quarta-feira, 30 de julho de 2008

Céu nublado ou chão nublado?

Foto retirada da net
Boas Férias

domingo, 27 de julho de 2008

Rio do triângulo


Rio do triângulo
Sem ângulos
Convenientemente arredondados
Pelo centro bem marcado
e circunferenciado

Rio do triângulo marado
Enquanto escorrego pelas hipotenusas da sorte.
Salgadas, amargas, agridoces,
Lágrimas também podem ser de rio
Ou de revolta
Geometria madrasta,
Triângulo só de nome
Círculo fechado
Quadrado só para catetos.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Pedro da Silveira (3)

Foto retirada da net

ILHA

Só isto:

O céu fechado, uma ganhoa

pairando. Mar. E um barco na distância:

olhos de fome a adivinhar-se, à proa,

Califórnias perdidas de abundância.


Pedro da Silveira in A ilha e o Mundo, Lisboa, 1952

terça-feira, 15 de julho de 2008

Açores ou milhafres? Só queimados...


Buteo buteo rotschildi

Acabe-se, de uma vez por todas, com a hipocrisia e tenha-se a coragem de alterar o nome da Região Autónoma dos Açores para o seu legítimo nome, a saber, Região Autónoma dos Queimados.

E digo isto honestamente, sem qualquer ironia ou piadinha fácil aos candidatos às eleições regionais que se avizinham. Sim, Carlos César ou Costa Neves deveriam candidatar-se à presidência dos Queimados e não à dos Açores.

Já estamos fartos de saber que os açores nunca existiram por cá. Nem tão pouco os milhafres. Gostaria de saber quem inventou esta dupla mentira.

Não acredito que os nossos experimentados descobridores fossem parvos, ao ponto de confundirem com açores as nossas águias, o Buteo buteo rotschildi que, na Terceira, e julgo que também em S. Miguel, é chamado de queimado.
Até porque os nossos descobridores, provavelmente, só viram aves marinhas e pombos por cá, pois as águias seriam muito raras, uma vez que a sua dieta é, essencialmente, de coelhos e ratos e estes ainda não tinham sido introduzidos nos Açores. Se só poderiam comer uns pombos torcazes, então seriam mesmo invulgares.

Acabe-se também com a segunda mentira: o Buteo buteo rotschildi não é um milhafre. O buteo é uma águia de asa redonda. Que por cá se chame queimado, faz todo o sentido, é um regionalismo. Agora, chamar milhafre a esta ave é o mesmo que chamar canário a um pardal.

Se o nosso primeiro povoador, Gonçalo Velho, venerava a Nossa Senhora do Açor, isso era lá com ele. Mas não terá sido motivo para nos baptizarem a todos de açorianos e não de queimadenses ou queimados (não sei propriamente em que grau, nem se seria caso de internamento na respectiva ala hospitalar).

Mas uma coisa sei, o nome de Açores deve ter vindo do aportuguesamento da designação genovesa ou florentina das míticas ilhas azuis. Ou seja, vem do vocábulo azzurre, ou azzorre, isto é, azuis, e terá dado o nome Açores.

Mantenha-se, então, o azul do azzorre, na nossa bandeira mas tire-se já o raio do açor. Insira-se Nossa Senhora ou, então, a estampar uma ave, ponha-se a legítima, o Buteo buteo rotschildi, que é o queimado.

É que os símbolos de uma região querem-se verdadeiros. E a bandeira e os símbolos dos autonomistas do açor, ou a dos independentistas do milhafre, padecem ambas do mesmo mal.
Um mal que deve ser reparado, sem demoras, com exemplos que se querem vindos de todas as ilhas.

Reconheça-se aqui a eterna sabedoria dos picoenses, que ao tomarem conhecimento das suas lideranças, já adoptaram a denominação correcta de queimados.

P.S. - Seguem-se imagens e links para complemento da informação.


Açor - Accipiter gentilis

Milhafre real - Milvus milvus

Milhafre preto - Milvus migrans

Buteo buteo - Tem as designações de: Queimado (Terceira), Manta (Madeira), Águia-de-asa-redonda (Continente) e, ainda, é, erradamente, chamado de milhafre em muitas ilhas dos Açores

Mais informações em :

domingo, 13 de julho de 2008

Pico - Governo recua na maternidade mas avança no matadouro

À construção do novo centro de Saúde do Pico foi retirada a verba de 500 mil euros, voltando o processo à estaca zero, segundo o Ilha Maior de 11 de Julho. Contudo, sabemos que não é de excluir o melhoramento da sala de desmancha do Novo Matadouro do Pico, uma vez que esta apresenta vários defeitos construtivos e funcionais.

Assim, congratulamo-nos por alguém se ter lembrado de picoenses. Sim, pois não é só dos bovinos picoenses que estamos a falar, mas também dos ovinos e caprinos.
Quanto à troca da sala de partos pela sala de desmancha, só nos resta apoiar esta iniciativa e dizer a tantos mal agradecidos: irra, com tantos sítios para nascer, porque é que os picoenses querem nascer no Pico?

Resta-nos agradecer a todos, nomeadamente aos picoenses de gema, leia-se parlamentares do PS do Pico, que ainda há bem pouco tempo “constataram, com particular incidência nesta ilha (Pico), a “elevada qualidade infra-estrutural” dos respectivos equipamentos e dos recursos humanos ao serviço desta instituições (Saúde e Solidariedade Social).”

Se a qualidade é assim tão elevada, porquê melhorar? Terá sido a conclusão lógica.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

We can do better


A Comissão Política de Ilha (CPI) do Partido Socialista aprovou no passado dia 27, por maioria, os nomes de Lizuarte Machado e de Hernâni Jorge como primeiro e segundo da lista a apresentar ao eleitorado nas legislativas de Outubro próximo. Na reunião o Secretariado de Ilha propôs ainda que o terceiro lugar seja ocupado por um elemento do sexo feminino residente no concelho de São Roque. A lista completa vai ser submetida, até ao próximo dia 15, ao Secretariado Regional a quem cabe a aprovação final dos candidatos propostos.
A CPI do Partido Social Democrata também já aprovou a grande maioria dos seus candidatos. Reunidos na passada segunda-feira, os laranjas ratificaram o nome de Duarte Freitas como cabeça de lista do partido às próximas legislativas. Cláudio Lopes e Jaime Jorge, actuais deputados no Parlamento Regional, ocuparão os dois lugares seguintes.(...)
In Ilha Maior de 4 de Julho de 2008

Congratulamo-nos com a escolha de ambas as listas, pois apresentam candidatos experientes e competentes. Pensamos até que os cabeças de lista, quer do PS quer do PSD, estarão destinados a voos mais altos.

Estamo-nos a lembrar da Secretaria do Mar e de um lugar ao Parlamento Europeu, ou Assembleia da República, para os candidatos do PS e PSD, respectivamente.
Assim, os terceiros candidatos serão elegíveis e, aqui, estranhamos o facto do PS apresentar o futuro deputado como “um elemento do sexo feminino residente no concelho de São Roque.”

Como não haverá nenhum sorteio para apurar a candidata, pensamos que não houve tempo para negociar o lugar e então este ficou em aberto. Bem, mas uma vez que não temos listas uninominais, porque é que o candidato tem de ser de S. Roque?

Enfim, assuntos que o PS terá de resolver aplicadamente em locais próprios. Pois sabemos quão exigente é a profissão, uma vez que, os vários líderes parlamentares da Assembleia gostam de dar indicações de voto diferentes, consoante o seu grupo parlamentar.

Será preciso, pois, uma redobrada atenção, aquando do exercício do direito de voto na Assembleia, para os nossos futuros representantes irem de encontro às indicações de voto do respectivo líder parlamentar.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

DE QUE PESSOA GOSTA MAIS?


Gosto do céu porque não creio que ele seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa algures e algures acaba
E que longe e atrás disso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e terá um fim,
E que antes e depois disso não havia tempo.
Por que há-de ser isto falso? Falso é falar de infinitos
Como se soubéssemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo são cousas.

Proposta de Richard Zenith


Caeiro
Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d’isso há absolutamente nada
Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,
E que antes e depois d’isso não havia tempo.
Porque há de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo são cousas.

Proposta de Jerónimo Pizarro


Caeiro
Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa aqui e aqui acaba
E que longe e atrás d’isso há absolutamente nada
Creio que o tempo tem um princípio e terá um fim,
E que antes e depois disso não houve tempo.
Porque há de ser isto falso? Falso é falar do infinito
Como se soubéssemos o que só de ver podermos entender.
Não: tudo é uma partida de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo são cousas.

Proposta de Maria do Céu Estibeira

Não existe consenso quanto se trata em decifrar a caligrafia de Pessoa. O Público de 13 de Junho publicou um poema inédito, que aqui transcrevemos em três interpretações.

terça-feira, 1 de julho de 2008

A teoria que nasceu há 150 anos matou Deus?

Em criança coleccionava besouros, ao ponto de ficar obcecado. O pai não lhe augurava grande futuro, temendo que não fosse capaz de fazer mais do que caçar ratos e besouros e desgraçasse o bom nome da família.

Não reparou que o filho desenvolvia o hábito e o prazer de observar o comportamento dos animais, que no futuro o transformaria num dos poucos homens da história a influenciar os rumos do pensamento humano. A sua obsessão pelos besouros seria substituída por outra: o estudo da origem das espécies.

Começou por cursar medicina, seguindo a tradição familiar. Mas ao ser operado a um dente sem anestesia, percebeu que errara a vocação. Abandonou o curso. Embora os rendimentos familiares lhe dessem para viver o resto da vida sem trabalhar, o distinto Robert Darwin desesperou com as “fraquezas” do filho.

Aconselhou-o a dedicar-se à Igreja Anglicana, sugestão aceite pelo jovem. Mas não gostou de ouvir dizer que a Terra foi criada às 9 horas do dia 23 de Outubro de 4004 a.C., que todas as espécies foram criadas ao longo de seis dias e que nunca sofreram mudanças.

Frequentou Cambridge e depois participou na célebre expedição do Beagle.
A 1 de Julho de 1958, Lyell e Hooker apresentaram na Sociedade Lineana de Londres um artigo de Darwin em que este defendia a evolução das espécies. Darwin ficou na sua casa de Down, de luto devido à morte de um dos filhos.

Este artigo não teve grande impacte, de tal forma que o presidente da Sociedade Lineana, ao fazer o resumo do ano de 1858, nem sequer o mencionou: “ O ano que passou não foi marcado, de facto, por alguma descoberta fantástica daquelas que revolucionam a ciência”.

Só um ano mais tarde, esta teoria torna-se tema de conversa universal, desde os cafés e salões de barbearia até aos mais bem frequentados serões culturais, quando Darwin publica o livro “ Sobre a origem das espécies”.

A controvérsia atravessou todo o século XX. Charles Darwin foi e continua a ser ponto de partida para novas ideias e teorias. E fonte ainda de muitos incómodos. Ao ponto de o Conselho Estadual de Educação do Kansas decidir, há pouco mais de oito anos, proibir o estudo da teoria da evolução nas escolas públicas do estado.

Lobbies religiosos que continuam a não suportar outras visões sobre a criação do mundo e do homem.

Baseado em dois textos do Público de 19 de Abril de 2002 e de 1 de Julho de 2008, respectivamente.