segunda-feira, 7 de julho de 2008

DE QUE PESSOA GOSTA MAIS?


Gosto do céu porque não creio que ele seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa algures e algures acaba
E que longe e atrás disso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e terá um fim,
E que antes e depois disso não havia tempo.
Por que há-de ser isto falso? Falso é falar de infinitos
Como se soubéssemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo são cousas.

Proposta de Richard Zenith


Caeiro
Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d’isso há absolutamente nada
Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,
E que antes e depois d’isso não havia tempo.
Porque há de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo são cousas.

Proposta de Jerónimo Pizarro


Caeiro
Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa aqui e aqui acaba
E que longe e atrás d’isso há absolutamente nada
Creio que o tempo tem um princípio e terá um fim,
E que antes e depois disso não houve tempo.
Porque há de ser isto falso? Falso é falar do infinito
Como se soubéssemos o que só de ver podermos entender.
Não: tudo é uma partida de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo são cousas.

Proposta de Maria do Céu Estibeira

Não existe consenso quanto se trata em decifrar a caligrafia de Pessoa. O Público de 13 de Junho publicou um poema inédito, que aqui transcrevemos em três interpretações.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito interessante a questão.
Fala-se muito de Pessoa, elogia-se, debate-se, difunde-se, explica-se, ouve-se.
Mas...quantos já leram Pessoa?
E não me limito à "Mensagem"....
Quantos conhecem verdadeiramente a obra? Ou seja, quantos falam com autêntico conhecimento de causa?