sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Nove anos de Adiaspora.com

Paulo Luís Ávila foi homenageado a título póstumo no passado dia 23 na vila das Lajes.
A homenagem foi prestada pelo portal Adiaspora.com durante as comemorações do IX aniversário do site que tem como objectivo divulgar as comunidades açorianas dispersas pelo mundo.

Na ocasião, o padre Rui Silva enalteceu a disponibilidade de Paulo Ávila para colaborar na divulgação da sua terra. Estas palavras foram comungadas por José Ilídio Ferreira.
O director do portal Adiaspora.com, de forma emocionada, acrescentou que Paulo Luís Ávila “nunca faltava” com as notícias do Pico no site noticioso.
Além das palavras calorosas a lembrar a memória de Paulo Luís Ávila, a viúva e o pai do homenageado foram obsequiados com duas salvas de prata com o intuito de perpetuar a memória do homem que estava sempre disponível para divulgar o seu concelho e a sua ilha.

As comemorações do aniversário do portal iniciaram-se com as palavras de José Ferreira, que lembrou os propósitos do projecto ou seja “aprofundar” a ligação entre as comunidades lusófonas através da divulgação de notícias.
O director do portal sublinhou que um dos requisitos futuros será a “rentabilização” do património histórico-cultural em programas acessíveis e viáveis de divulgação e promoção.
“O projecto Adiaspora.com procura inserir-se no âmbito da rede global que é a Internet, proporcionando-lhe um banco de dados e serviços que têm como alvo um largo segmento da audiência mundial”, frisou José Ferreira.
Este fórum de discussão juntou durante dois dias vários moradores, que falaram sobre as memórias e as influências do povo da diáspora tendo contribuído para o enriquecimento cultural dos lugares onde se instalaram.
Como exemplo a baleação e as festas do Espírito Santo são tradições que os emigrantes levaram para outras terras, estando bem vincadas essas memórias onde as gerações tentam perpetuar no tempo.
In Ilha Maior de 29 de Outubro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Parque Natural do Pico recebeu 20.000 visitantes este ano

O Parque Natural do Pico, nas suas diferentes valências, registou quase 20.000 visitantes, dando provas que o Pico é um excelente destino de turismo de natureza.

O Parque Natural do Pico possui como estruturas de visitação o Moinho do Frade, no Lajido da Criação Velha, o Centro de Interpretação, no Lajido de Santa Luzia, a Gruta das Torres, na Criação Velha e a Casa da Montanha.

No miradouro do Moinho do Frade, sobre Vinhas Património Mundial, foram registados 6170 visitantes durante o seu horário de funcionamento, entre um de Junho e 15 de Setembro.

O Centro de Interpretação da Paisagem da Cultura da Vinha foi inaugurado no mês de Julho do presente ano e registou 1157 visitantes.
A Gruta das Torres registou um total de 6.421 visitantes entre Abril e Setembro.

A Casa da Montanha registou, entre 15 de Junho e 30 de Setembro, 5.671 visitantes, os quais subiram ao ponto mais alto de Portugal.

sábado, 16 de outubro de 2010

Quarto com vista para o mar

O Conselho de Ilha do Pico (CIP) deu parecer positivo à anteproposta do Plano do Governo Regional para 2011.
Reunidos no passado dia 11, os conselheiros esmiuçaram durante duas horas as propostas governamentais e concluíram que o documento é bom para o Pico e contempla a concretização de algumas das suas principais aspirações.

Comparativamente com o Plano do ano corrente, os conselheiros enaltecem, em tempo de crise, o aumento em 12 milhões de euros do investimento e a entrada do Pico no quarto lugar do ranking regional, em termos de dotação orçamental, atrás do Faial, Terceira e São Miguel, depois de durante vários anos terna quinta posição.

As verbas inscritas para obras como o Centro de Saúde da Madalena, a Escola da Ponta da Ilha e para a requalificação do Porto da Madalena agradaram aos conselheiros que, no entanto, lamentaram que o Porto Comercial do Pico continue em águas de bacalhau.(…)

Fora dos planos governamentais continuam a ficar o reordenamento do Porto Comercial do Pico, a Secundária das Lajes, a ampliação do Quartel das Lajes, a segunda fase de ampliação da secundária da Madalena, a nova Escola Profissional do Pico e a requalificação da Estrada Longitudinal.
In Ilha Maior de 15 de Outubro de 2010

sábado, 9 de outubro de 2010

“A juventude tem que pensar muito a sério no futuro do Pico”

Aos 95 anos Ermelindo Ávila fala a Ilha Maior sobre o passado, o presente e o futuro do Pico. O escritor, investigador e historiador, que ao longo de décadas assinou vários contributos para melhor se conhecer a ilha, olha com tristeza para o presente e o futuro do Pico devido à falta de investimentos que suportem o desejado crescimento e afirma que os jovens têm de se assumir como protagonistas no amanhã da ilha.
(…)
O que o motiva a escrever diariamente?
EA: Principiei a escrever muito cedo. Talvez não tivesse a real consciência daquilo que estava a fazer.
Comecei a escrever em 1932 com 15 anos. Quem recebeu os meus escritos foi o padre Xavier Madruga que os publicou no jornal “O DEVER” e nunca mais deixou de os publicar.
Foi um bichinho que me mordeu e desde então tenho continuado a escrever.
Reformei-me depois de 46 anos de serviço. Com 46 anos de serviço adquire-se um hábito de trabalhar. No dia seguinte à minha reforma, com 70 anos, sentei-me à secretária e continuei a trabalhar.
Curiosamente fui aconselhado por alguns médicos a escrever, adiantando que esse trabalho dava saúde.
Escrevo sem projectos, mas sobre o que vai aparecendo.

Olhando para a sua ilha, qual a análise que faz do Pico?
EA: Vejo o Pico com uma certa tristeza. O Pico vive melhor porque tem outras actividades mas tem uma grande falha na juventude. O Pico não tem juventude porque a juventude caminha e não volta. Isso é que é o grande mal do Pico.
Quem é que vai continuar o Pico? Já pensaram?
Vêm três/quatro pessoas de fora dar aulas nas escolas. Quase nem convivem com as pessoas de cá. Vão-se embora. Os de cá também se vão embora e são os velhos que vão ficando. O Pico precisa criar novas actividades e incentivos para que a juventude que sai para estudar volte e possa cá fixar-se. Isso é essencial.

É preciso repensar bem o futuro?
EA: É preciso repensar com muito cuidado o futuro e ter a certeza de que se não tomarem medidas drásticas imediatas daqui a uma dúzia de anos podem fechar a ilha.
Como se pode inverter essa tendência?
EA:
Como atrás disse, criando actividades e investimentos, tal como se faz nas outras ilhas.

Fala-se muito que o Pico é a ilha de futuro…
EA: É uma ilha de futuro pelo tamanho que tem, mas não pelas suas actividades.
Tem havido uma melhoria ou uma inversão das coisas?
EA: Os que vivem no Pico vivem relativamente bem. No meu tempo não se estudava fora. Eram raros os que iam estudar para o Liceu e raríssimos os que iam para a universidade.
Hoje toda a gente acaba o 12º ano e vai para a universidade e depois escolhem cursos do seu agrado, alguns deles sem oferecerem colocação.
Não podem escolher os cursos que gostam. Têm de escolher os cursos que dão colocação futura. Nunca escolhi o trabalho que ia ter.
Escolhi o que me dava rendimento, fosse ele qual fosse. Também gostava de ter sido advogado mas não fui. As escolas nisso têm um papel fundamental. Devem orientar e não só ensinar. Sabemos que algumas freguesias têm evoluído, mas é pouco.
A população está a diminuir a olhos vistos. Já tivemos 35 mil habitantes e hoje não chegamos a 15 mil. No entanto, parece que temos 10 mil veículos. Isto implica um desgaste, num futuro próximo, da economia e da actividade.
(…)
Analisando o seu concelho antevê um futuro risonho?
EA: Não o vejo com perspectivas de desenvolvimento. Há localidades a desenvolverem-se mais do que outras mas é um desenvolvimento aparente. Antigamente havia o regresso de muitos emigrantes que adquiriram muitas propriedades. Hoje eles já não voltam e os terrenos estão abandonados.
O concelho, à semelhança de outros, tem perdido pessoas e sobretudo alguns serviços…
EA: Pois perderam. Se perderam serviços perderam pessoas. Deixou de haver um elo de ligação.
(…)
O whale watching não pode ser um importante pólo dinamizador do desenvolvimento das Lajes?
EA:
Não, porque não está organizado devidamente. As pessoas vêm aqui de visita, vêem as baleias e vão embora. O que é que eles deixaram?
Deixaram apenas ao operador o dinheiro da viagem. Se houvesse novos estabelecimentos hoteleiros que os recebessem e que eles se mantivessem cá por alguns dias, era diferente. Assim não.
É preciso trazer gente para as Lajes e para o Pico?
EA:
É importante fixá-la ou pelo menos mantê-la durante algum tempo. A própria restauração e a hotelaria têm de ser modificadas.
Julgo que as residenciais são um erro e nem todos aproveitam o turismo rural. A vinda de meia dúzia de casais durante o Verão não resolve o nosso problema. Os turistas necessitam ter hotéis que os recebam porque os estrangeiros não conhecem os estabelecimentos com a designação de residenciais. No estrangeiro estive em hotéis inferiores às residenciais que aqui temos, no entanto eram classificados de hotéis.
(…)
O estatuto de património da UNESCO da Vinha do Pico e da eleição das 7 Maravilhas Naturais da Paisagem Vulcânica do Pico podem dar um empurrão ao desenvolvimento?
EA:
Não queria ser maldizente. Quando foi da Autonomia concordei que se acabasse com os distritos porque as ilhas capitais eram um travão ao desenvolvimento das outras ilhas. Desenvolviam as sedes dos distritos e as outras ficavam paradas no tempo. Acabaram-se os distritos, mas não houve mudança.
O projecto, naquela altura, era um governo rotativo com uma delegação em cada ilha e cada ilha ia desenvolver-se a si própria. O que aconteceu foi uma centralização em São Miguel e em parte outra na Terceira. Até o próprio Faial não é de gente do Faial. Eles vêm de fora ocupar os lugares.

O processo autonómico falhou?
EA:
Foi uma decepção.
Não cumpriu os desígnios inicialmente traçados?
EA:
Não cumpriu.
Em relação à paisagem da vinha classificada como património da UNESCO e à eleição da paisagem vulcânica como uma das 7 Maravilhas…
EA:
Não sei responder a esta pergunta porque não sei o que é que o Pico vai lucrar. Turisticamente não sei quais as vantagens a tirar. Os turistas vêm na lancha da manhã, sobem o Pico e voltam à noite para o Faial. É preciso agentes operadores no Pico para obrigar as pessoas a cá ficar.

É preciso obrigar as pessoas a pernoitarem na ilha?
EA:
Evidentemente. O que se vê é a ampliação do Porto da Madalena para assegurar ligações com o Faial.
A Madalena não vai lucrar com as reparações no Porto. Quando trabalhei na Madalena as camionetas iam a cima do cais apanhar os turistas para uma volta à ilha e nem paravam no centro da vila. Insurgi-me contra essa situação pedindo ao presidente da Câmara que obrigasse as pessoas a descerem da camioneta no centro da vila. Julgo que hoje continua a ser o mesmo. O que lucramos com este tipo de turismo?
Nas Lajes nem sequer entram na rua principal. Um turismo assim organizado não dá garantias de futuro.

Excertos da entrevista de David Silva Borges In Ilha Maior de 8 de Outubro de 2010

sábado, 2 de outubro de 2010

Turismo de Portugal Atribui Medalha de Mérito Turístico a Serge Viallelle

O Turismo de Portugal atribuiu nas celebrações oficiais do Dia Mundial do Turismo, em cerimónia realizada no Casino da Figueira da Foz, a Medalha de Mérito Turístico, Grau Prata, a Serge Viallelle.

Serge Viallelle diz que chegou ao Pico “de iate”. Não saiu mais.
Foi há vinte anos e nessa altura a ilha era muito diferente. “Não havia telefones públicos, só na polícia. E aqui em frente, o chão ainda tinha ossos de baleia”.

O francês Serge Viallelle encantou-se pelo local e não foi capaz de partir.
Em conjunto com João Vigia, foi o primeiro a apostar no turismo voltado para a observação dos cetáceos que, apesar de já não serem alvo de caça, continuam a aparecer ao largo do Pico todos os anos.

Comprou uma casa mesmo em frente à baía e alargou a actividade de observação de golfinhos e baleias à hotelaria, com a aquisição de uma residencial logo ali ao lado.

Hoje, o pioneiro do turismo ligado aos cetáceos no Pico diz que está “numa fase de culpabilidade”. Porquê? “O turismo de massas ainda não chegou cá mas vai chegar. Não sei o que vai ser disto nessa altura”.