sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Conseguiria, Jesus Cristo, obter uma votação de 99,6%? Claro que não. Mas o Bokassa, sim.


Nas primeiras directas do PS Açores, César obteve 99,6% dos votos. Em 2.122 militantes, apenas 8 votaram contra e 1 votou em branco. Não sei porquê, mas suspeito conhecer quem votou em branco. É que havia apenas um candidato... e houve apenas um voto em branco.
C’os diabos, César suspeitou que estaria eminente a obtenção dos 100%, um verdadeiro escândalo em democracia, e ele próprio votou em branco.
Também não é de excluir que os 8 votos contra sejam de amigos chegados, ou mesmo de familiares de César, aconselhados por este, pela mesma razão anterior.
César terá mesmo suplicado para não ter os 100%. “Já viram se me chamam o Bokassa dos Açores!” comentou.

Assim, estamos em crer que César tem melhores condições para formar uma religião, que o próprio Jesus Cristo alguma vez teve. Ou mesmo sequer sonhou.
É que considerando o exemplo dos apóstolos, sabemos que dos doze, um negou-O por três vezes, outro teve de espetar o dedo na ferida da mão para O confirmar e, outro ainda, traiu-O por apenas uns trocos.
Ora, só nove dos doze apóstolos estariam incondicionalmente com Jesus, o que equivale a uns míseros 75%.
Meus amigos, César obteve 99,6%. Portanto, se Jesus fundou uma religião reconhecida por muitos habitantes da Terra, César tem condições “extras” para os “terrestres”, todos, sem excepção o seguirem.
Ou, então para aqueles “terrestres” dos Açores que já o seguem, continuarem a segui-lo devotamente por mais uns longos anos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Pode escrever-se um poema com basalto
com pedra negra e vinha sobre a lava
com incenso mistérios criptomérias
e um grande Pico dentro da palavra.

Ou talvez com gaivotas e cigarros
cigarras do silêncio que se trilha
sílaba a sílaba até ao poema que está escrito
lá em cima no Pico sobre a ilha.

Manuel Alegre

Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde desde muito cedo se empenhou em lutas académicas e na resistência ao regime político da época. Mandado para Angola em 1961, incentivou uma revolta militar contra a guerra colonial, acabando por se exilar em Argel no verão de 1964.
Durante o exílio, foi dirigente da FPLN e participou activamente na Rádio Voz da Liberdade, tendo regressado a Portugal depois da revolução de abril de 1974. A partir de então, dedicou-se à actividade política partidária, continuando, porém, a obra literária iniciada com o livro Praça da Canção (1965).

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Fosse João Filipe até um simples remador baleeiro, mas Lajense...e nunca um cóboi, ao nível de Buffalo Bill, David Crockett ou Kit Carson, n em Terras

Ermelindo Ávila (E A), lamento dizê-lo, está, desta vez, enganado. Não por debater assuntos da nossa terra, mas por ter defendido que o John “Portuguese” Phillips, um lajense, mas nascido nas Terras, herói, mas sem ser baleeiro ou escritor, deva ser homenageado.
Afinal o John só percorreu 365 quilómetros debaixo de um nevão intenso, para salvar 90 alminhas que se encontravam cercadas por dois mil índios em Fort Phil Kearny (actual Nebraska). Coisa que qualquer um dos nossos homenageados das festas de Lourdes já está farta de fazer.


Nesta batalha, nós, há muito, torcemos pelos índios e banimos o picoense que evitou a conclusão de uma proeminente colecção de escalpes. Os índios ficaram-se só por umas míseras 81 cabeleiras de 79 soldados e 2 civis, no denominado Massacre de Fetterman em 21 de Dezembro de 1866.

Espertos como somos, deveríamos era homenagear o cavalo Dandy, cedido a John pelo comandante do forte para tão arriscada missão. Afinal foi ele que palmilhou todo esse caminho. O John Phillips, esse, só apanhou boleia.

Então por que não damos o nome de uma rua, um busto, uma simples placa ao Dandy? Ou mesmo aos pobres índios Sioux, Cheyenne e Arapahos para serem compensados pelo incómodo causado pelo teimoso John Phillips, que os deixou com menos 90 cabeleiras.

Termino com uma citação não de E A, que já nos alerta para esta injustiça há cerca de 40 anos, mas de outro autor que, não sendo de “casa”, entendeu bem o caricato da situação.

(...)Se os Açores, pródigos em convidar e até agraciar estrangeiros, particularmente norte-americanos, que a maioria das vezes nada têm a ver com os Açores ou as suas comunidades, não conseguem reconhecer um imigrante picoense que ganhou lugar na história dos Estados Unidos, há com certeza um grave problema de visão nas ilhas.
In http://www.portuguesetimes.com/Ed_1906/util/beat.htm

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Visita obrigatória não foi visita de campanha... Mas nós gostaríamos que tivesse sido


Lá veio mais uma vez César ao Pico. Por obrigação estatutária, ao que parece.
Longe vão as entusiastas visitas com subida ao cume da montanha. Estas sim.
Não eram visitas obrigatórias. Nem estatutárias. Mas eram mais estimulantes.
A recente visita não foi aproveitada para fins eleitoralistas, isso sobressai nas 30 medidas tomadas. Mas nós até gostávamos que César tivesse aproveitado a visita para fazer campanha.
Que em vez de prometer a asfaltagem de uns metros de estrada aqui e de outros ali, tivesse prometido mais voos para o Pico, a melhoria dos cuidados de saúde, o início do campo de golfe do Mistério da Silveira, da Escola Secundária das Lajes, a instalação dos serviços sociais na casa da “Maricas Tomé”, a instalação de secretarias regionais e direcções regionais no Pico, entre outras.
Enfim, que se tivesse comprometido como faz com as nossas "parceiras de valor", a saber: S. Miguel, Terceira e Faial, que, conjuntamente com o Pico, não necessitam de integrar o grupo das ilhas de coesão.
Mas César, político como é, não prometeu nada de encher o olho. Nem devia...
Pois estas visitas não devem servir para ganhar votos, ou sequer conquistar simpatias. São visitas de trabalho árduo. Da difícil e ingrata tarefa de governar.

Claro que, se César pressentisse que, afinal, não tem dois deputados no papo, a coisa mudaria de feição. Cremos que se esforçaria em encurtar o crónico atraso do Pico, um pouco mais.
É sabido que os deputados do seu partido dificilmente o afrontarão, mesmo em questões sensíveis ao Pico. À semelhança da actuação dos deputados PSD na era Mota Amaral.
Interrogo-me, então, se não seria vantajoso a emersão de uma terceira força política (como bem fazem os corvinos e florentinos) que servisse de charneira aos habitués da assembleia?
Sendo essa força de qualquer cor, como do PP, do BE , PCP ou da ASDI, se esta ainda existisse.
Ou talvez esteja errado na minha análise e ter o mesmo número de deputados que o Faial, nosso "parceiro de valor", já é, em si, uma mais valia.
Ou melhor, permitir que o princípio universal da democracia – um homem, um voto - sendo aplicado na ilha montanha, só por si, sem as implicações que daí advém, é motivo, mais que suficiente, para nos mantermos alegres e contentinhos.
Senhores Neves e César: Sabemos que vão iniciar uma árdua e desgastante batalha eleitoral. Que por essas ilhas fora disputarão votos, casa a casa, rua a rua, ilha a ilha.
Se querem o meu conselho, fiem-se na virgem e poupem-se por aqui.
Não se esforcem em conquistar o Pico com propostas inovadoras, pois nós, a semelhança do passado, lhe garantimos de antemão quatro fiéis seguidores.
Que se fiem na virgem, portanto, e depois não digam que eu vos bem avisei.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Júpiter 1901

Nasci no ano em que se descobriu a Grande Perturbação de Júpiter.
Minha Mãe não deu por nada, meu Pai não era astrónomo,
Mas houve lá em casa uma grande perturbação na água do banho,
Que meu Pai, músico, acompanhava regulando encantado o seu
metrónomo.
E Júpiter, assim mimado, com pai por ele, saiu poeta,
Com seus doze satélites, quatro deles principais:
Serafina, Lourdes, Lídia, Isaura,
A Primeira Grande Perturbação de Júpiter
No ano em que nasci.
Elas em roda da banheira,
Meu Pai tocando flauta
(Serpentes? no ninho em mim)
E um céu de vapor de água,
Difracção de satélites...
Júpiter! Júpiter!
Tu és o Toiro de fumo
Que nunca terás Europa.

VITORINO NEMÉSIO

Nasceu na Praia da Vitória, ilha Terceira, em 1901.
A sua vida não lhe correu bem em termos de sucesso escolar, pois passou por vários problemas estudantis, tal como a expulsão do Liceu de Angra, a reprovação do 5.º ano que o levou a sentir-se incompreendido pelos professores.
Com 16 anos de idade, Vitorino Nemésio, desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Nemésio acabou por concluir o Curso Geral dos Liceus, no dia 16 de Julho de 1918, com a qualificação de dez valores.
A sua estadia na cidade da Horta foi desde Maio a Agosto de 1918. A 13 de Agosto o jornal O Telégrafo dava notícia de que Nemésio, apesar de ser um fedelho, um ano antes de chegar à Horta, havia enviado um exemplar de Canto Matinal, o seu primeiro livro de poesia (publicado em 1916), ao director de O Telégrafo, Manuel Emídio.(…)
Vitorino Nemésio foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, Nemésio pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra.
Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.

In Wikipedia

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Pinotes e amendoins (2)


(...) O Expresso alude a um documento americano “no qual se refere que as Lajes são um local de treino de classe mundial no próprio quintal (backyard) e que se demonstra “que a base está já a ser tecnicamente preparada para as novas funções. (...)
(...) Se o espaço em torno das Lajes servir para treino de aviões a velocidades supersónicas e armamento sofisticado, certamente haverá consequências ambientais, sociais, económicas e até de segurança para seres humanos e habitats naturais. (...).
(...) É preciso envolver nestas negociações, desde o princípio, o Governo Regional dos Açores e as populações locais. Não há razão para a crescente importância estratégica das Lajes não se reflectir num Acordo mais vantajoso para Portugal.
In É preciso renegociar o Acordo das Lajes, de Ana Gomes, em Expresso de 9/2/2008.

O assessor de imprensa de Carlos César, André Bradford, refere que os contactos entre portugueses e norte-americanos, a propósito da renovação do acordo da Base das Lajes, não contam, nesta fase, com a presença do Executivo Regional.

Perguntamos:
Em que fase das conversações entra o governo regional? Na fase da apresentação do Acordo aos senhores jornalistas? Ou um pouco antes?

Por que é que não temos um presidente regional com a coragem, determinação e a clarividência de Ana Gomes?

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Como o prometido é devido, cá vai a minha análise à sondagem do post “que perfil para os representantes do Pico” de 29 de Janeiro.

Em primeiro lugar devo confessar que fiquei agradavelmente surpreendido com tão elevada participação. Esta sondagem deveria permitir apenas um voto por computador. Testei o método no meu computador e nunca me foi permitido votar uma segunda vez. Até que no último dia da votação, vá-se lá saber porquê, consegui votar uma segunda vez.

Outra limitação à sondagem tem a ver com o acesso a vários computadores ligados à net. Quem tiver este acesso poderá ser tentado a votar tantas vezes quanto o número de computadores disponíveis. Facto que constatei quando utilizei um computador da escola.

Sobre os nomes que coloquei à votação, devo confessar que tinha algumas dúvidas se seriam os mais votados, ou se emergiriam outras opções, para mim desconhecidas. No entanto, os itens “outro PS” e “outro independente” não tiveram uma votação significativa, o que serviu para confirmar a hipótese inicial.

Entrando nos perfis propostos, uma nota para a votação de Rui Pedro e de Manuel Tomás. Sobre a votação de Rui Ávila, resta-me dizer que penso não ter estado muito errado na análise exposta no post. Sobretudo, quando estabeleço um paralelo com os actuais representantes.

Sobre a votação de Manuel Tomás, devo reconhecer que fiquei deveras surpreendido. Especialmente porque suspeito que a maioria dos visitantes do blog é do concelho das Lajes. Assim, penso que os votos em MT representarão a luta que é necessário travar em prole do desenvolvimento do Pico.

Como facilmente se observa, o grosso da votação concentrou-se nos perfis Hernâni Bettencourt e Roberto Silva. Como explicar estes resultados?
Penso, antes de mais, que estas são candidaturas de ruptura com um passado algo seguidista, monótono e reverente. Daquilo que conheço sobre estes dois cidadãos, denota-se ambição, coragem, frontalidade, garra e uma grande vontade de mostrar trabalho.
É pois necessário realizar um trabalho de fundo, começando por rodearem-se de um “staff “ onde as ideias amadureçam. Será imprescindível assumir, de uma vez por todas, as suas opiniões e comentários, de forma inequívoca. Os candidatos devem opor-se às ideias e propostas dos partidos adversários, mas tem o dever de indicar alternativas credíveis, construindo assim uma reputação sólida.
Resta às estruturas partidárias estarem atentas e apostarem em quem oferece maiores garantias de criar uma dinâmica ganhadora.

Naturalmente que muito terá escapado à minha simples análise. Quem faz parte das assembleias, das autarquias, das estruturas partidárias ou frequenta os clubes e sociedades da nossa terra estará muito mais esclarecido.

Conto, portanto, com o vosso contributo e empenho na discussão destes e de outros temas (como por exº saúde, transportes, obras públicas, ambiente, educação, turismo, agropecuária, pescas)que muito impacto terão no futuro próximo da nossa ilha.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O problema das origens

No começo era a pulga
depois deus criou o gato
depois a raça que julga
sublimar-se em celibato
chegou a vez da carraça
seguida da sanguessuga
depois a febre da raça
depois o mito da fuga

depois do sangue sugado
depois da treta espremida
restou a puta da vida
celebrizada no fado

José Martins Garcia

José Martins Garcia nasceu na Criação Velha, Ilha do Pico, a 17 de Fevereiro de 1941. Estudou no liceu da Horta e licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa. Leccionou nesta faculdade entre 1971 e 1977. Chamado a cumprir serviço militar em 1965, foi mobilizado para a Guiné-Bissau, aí permanecendo de 1966 a 1968.
Entre 1969 e 1971 foi leitor de Português na Universidade Católica de Paris, e em 1979 rumaria aos Estados Unidos como professor convidado da Brown University.
Em 1984 ingressou na Universidade dos Açores onde se doutorou; nesta Universidade terminou a sua carreira académica como Professor Catedrático. Faleceu em Ponta Delgada a 4 de Novembro de 2002.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Hi guys, thanks for the peanuts! - Base das Lajes

Os EUA querem testar mísseis no mar, a norte dos Açores. Claro que esta tecnologia é 100% segura. Mas, mesmo assim, é necessário testá-la...
Haverá riscos para os Açores, portanto.

A propósito de riscos, sabemos que, em 31 de outubro de 1999, um avião da EgyptAir que fazia a rota Los Angeles-New York-Cairo caíu no oceano. Alguns especialistas afirmam que este avião foi abatido acidentalmente por um míssil americano. Claro que os EUA defendem a hipótese de atentado.

Se algum avião da TAP, ou de outra companhia, for atingido por um missil americano, automaticamente Bin Ladden arcará com a responsabilidade. E este, como é seu hábito, concordará com um lacónico: Só há um Deus: Alá. E Maomé é o seu profeta.
É uma das premissas desta guerra ao terrorismo. Que afinal convém a ambas as partes envolvidas.

Mas nós, açorianos, que ganharemos com esta belicosidade junto às nossas costas? Os americanos darão mais uns trabalhinhos?
Mas, meus senhores, primeiro não deveriam pagar a renda do que já ocupam? Aluguer, mensalidade ou anuidade?

Cedemos uns bons hectares de terreno, suportamos o ruído, corremos riscos, nomeadamente com o combustível armazenado e, afinal, só pagam aos trabalhadores pouco qualificados contratados?
Sabemos que devido a Portugal estar na CE, os EUA recusam pagar em dollars, mas sim em contrapartidas.

E é aqui que entram os peanuts, ou como o nosso povo diz, os pinotes. Os EUA dão-nos material de guerra absoleto. Material que fica operacional com upgrades. E como a material dado não se olha o upgrade, nós acabamos por comprar o upgrade. Ou seja, compramos mais peanuts.

Meus senhores, basta de tanta brincadeira. Somos aliados dos EUA, é certo. Queremos continuar a sê-lo, mas se não nos dão contrapartidas aceitáveis, que se efectue a aliança através dos canais naturais da NATO.

Sabemos que em breve se iniciarão negociações sobre os tais testes de mísseis. Que ao menos o governo português tenha a decência de permitir a participação do governo dos Açores neste negócio. A não ser que alguém tenha algo de muito grave a esconder.

Deve fazer parte da discussão o aumento de bolsas para doutoramentos e mestrados de alunos da UA nos EUA, o incremento da luta contra o escaravelho japonês (introduzido pelos próprios americanos nos Açores) e reverso do drama dos repatriados.

E é urgente que desenvolvamos estudos, que procuremos informações a fim de conhecermos o verdadeiro valor da base das Lajes. Não acredito que seja por acaso, que a base das Lajes é a segunda base americana com maior volume de combustível armazenado.

A não ser que estejamos contentes com a actual situação e, alegremente, digamos: Ei americans, thanks for the peanuts.

Mencionámos o Arrastão

Devido à sua ronda pelos blogs açorianos, o basalto negro assinalou o blog Arrastão (http://arrastao.org/ ) de Daniel Oliveira como um blog de referência.