quarta-feira, 22 de outubro de 2008

As opiniões livres em tempo de eleições


No Expresso de 18 de Outubro, no artigo do primeiro caderno “ Rivalidade com 500 anos”, Cristina Figueiredo refere que Manuel Costa Júnior, historiador(?), director do Museu do Pico, não tem dúvidas como será difícil que um natural da Terceira seja presidente do Governo Regional dos Açores. E, desenvolvendo esta tese, citamos “ Dá um exemplo bem ilustrativo: nas eleições internas do PSD, há três anos, Costa Neves venceu em todas ilhas excepto... em S. Miguel, onde foi derrotado por Natalino Viveiros” (...)

Bem, esta análise parece-me pouco verosímil, pois já tivemos dois Presidentes da República açorianos, Manuel de Arriaga e Teófilo de Braga, aos quais não foi requerido nenhum certificado de nascimento numa determinada ilha, ou no continente. Então por que diabo seria diferente nos Açores?

E, desenvolvendo este raciocínio, Mota Amaral, ou Carlos César, sendo micaelenses, também não poderiam vencer na Terceira, coisa que sempre tem acontecido.

Ou então, o picoense Duarte Freitas não deverá aspirar à liderança do PSD, algo que poderá bem acontecer se Berta Cabral for mulher de palavra e não avançar.

Até aqui tudo bem, opiniões são opiniões e, como tal, cada um tem o direito a ter a sua.

No entanto, qualquer picoense minimamente informado sabe que Manuel Costa Júnior foi também o mandatário do PS para o Pico nestas eleições regionais e que, suspeito, poderá ter proferido estas opiniões mais como responsável pela campanha do PS, que como responsável pelo Museu do Pico, ou historiador, facto que foi inadvertidamente(?) omitido.

Não está em causa, como é óbvio, a capacidade intelectual do nosso conterrâneo na emissão de opiniões brilhantes, pois reconhecemos-lhe uma subtileza francamente superior à dos seus mandatados.

Nem tão pouco o facto de esta peta fazer a diferença nas eleições regionais.
Agora, o que eu acho é que o somatório de tudo isto, mais a descida dos combustíveis e os pagamentos aos agricultores na proximidade das eleições, dos empregos públicos distribuídos e, sobretudo, de uma comunicação social amorfa e acrítica, poderá fazer a diferença na perpetuação do poder, seja ele qual for.

E assim, a minha dúvida poderá não ser tanto de saber se Francisquinho filho sucederá a César pai, mas sim, se aquele pensa ter um sucessor, ao qual se designará de César III.

2 comentários:

Anónimo disse...

Qual quer pessoa que vive nestas ilhas sabe que "só será chefe do Governo Açoriano um Micaelense".

Anónimo disse...

A questão está posta com seriedade e por isso deixo a minha opinião: Não deveria ser assim, pois existem alguns, poucos, exemplos que são excepção - José Monjardino foi eleito deputado do CDS, por S. Miguel - mas também partilho da opinião do Manuel Costa Jr. e também perfilho a ideia de que será quase impossível virmos a ter, nos anos mais próximos, um Presidente dos Açores que não viva ou tenha a sua vida profissional em S. Miguel. Martins Goulart tentou, foi para lá residir, foi Professor da Universidade, mas não se adaptou e até teve um artigo de um picoense - José Borges - afirmando (?) que Martins Goulart ao subir a Rua António José de Almeida não tinha sido comprimentado por ninguém o que, pelos vistos, o "impedia" de ser eleito para Presidente do Governo... Percebem isto?...