sábado, 5 de setembro de 2009

Socorro, vem aí mais coesão

Em 1866 a Ilha do Pico tinta 26.977 habitantes; em 1960 a população havia descido para 21.837. Presentemente não ultrapassa os 14.850 viventes.
O Plano Estratégico para a Coesão dos Açores, que permitirá discriminar positivamente as ilhas mais pequenas, avançará antes do final de 2009, anunciou o vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Sérgio Ávila.

Segundo o JD, “trata-se de mais uma ferramenta estratégica e operacional que vai permitir introduzir mais-valias que discriminem ainda mais positivamente as ilhas de menor dimensão, identificando, apoiando e incentivando o desenvolvimento de novos segmentos de actividade económica”.

Só pode haver equívoco quando se inclui as ilhas pequenas neste grupo. Pois, ou Sérgio Ávila não conhece a real dimensão das nossas ilhas, o que é grave. Ou então pretende incluir o Faial e excluir S. Jorge da Nova Coesão, o que não faz sentido.

De facto, S. Jorge apresenta 245,8 Km2 de área e está na Coesão, enquanto que uma ilha pequena, como o Faial (173,1 Km2), de dimensão semelhante às Flores (141,7 Km2), não se encontra neste grupo.

Mas, o que o Sérgio realmente pretende, suspeitamos, é inventar uma qualquer desculpa para manter a Ilha Maior fora desta combinação.
E assim, se as ilhas do triângulo não rimam nesta inovadora definição, então talvez encostem...

O caricato desta divisão é que só algumas ilhas (S. Miguel, Terceira e Faial) beneficiam de avultados investimentos, tais como: infraestuturas rodoviárias, hospitais, Portas do Mar, requalificação e reordenamento da Frente Marítima da Cidade da Horta, Terminal de Cruzeiros no Porto de Pipas, ligações aéreas para além do território nacional, etc, etc...

Enquanto o que sobra é investido na Coesão, de que é exemplo o campo de golfe de Santa Maria, uma infra-estrutura que representa um investimento de 15 milhões de euros, Hotel da Graciosa (7 milhões de euros) ou Hotel das Flores (5,5 milhões de euros).

Daqui resulta que o Pico fica a ver navios, chegando mesmo a receber, pelo quinto ano consecutivo, pasme-se, um orçamento regional inferior à ilha de S. Jorge!

Assim, não é de estranhar que, em pleno século XXI, ainda faltem, caminhos de penetração, escolas, melhores ligações com o exterior e um Centro de Saúde de ilha, entre outros.

E que a nossa ilha seja a única em que os doentes e cadáveres atravessam o mar por entre grupos de turistas e restantes passageiros, em condições nada dignas, próprias do terceiro mundo.

Não temos o mesmo direito das outras ilhas para a concretização das obras estruturantes, há muito prometidas?
Por que raio o governo não constrói o campo de golf do Pico, há semelhança do que faz em Santa Maria?

Bem sei que a coesão serve para desenvolver as ilhas pequenas, e que estas bem precisam.
E que as ilhas das ex capitais precisam de muito dinheiro, para poderem continuar a ser grandes.

Mas, se continuarem a nos excluírem de ambos os grupos, muito em breve se terá de alterar a geografia do arquipélago, não na área de cada uma ilha, mas, possivelmente, no número de ilhas povoadas.

5 comentários:

Fiat Lux disse...

Assino por baixo.
O Governo nunca soube explicar porque é que o Pico passava a ser uma ilha "grande" sem lugar nas ilhas da coesão.
(Só me lembro de uma explicação arrevesada do anterior Secretário da Economia que falava na proximidade do Pico e do Faial e somava a população das duas ilhas)
Mas na realidade é o único caso de uma ilha que não é "pequena" nem "grande".
E por isso a mais prejudicada, claramente.

Tiago R. disse...

Atrevendo-me a meter a foice em ilha alheia, atrevo-me a dizer que será essencial conseguir uma maior união dos picoenses e dos seus municípios em torno destes problemas.

Anónimo disse...

Pois...
E o Governo ainda tem o descaramento de falar das acções das Autarquias... quando o Governo nem dá o exemplo.

Anónimo disse...

Ja que és assim tao esperto (pensas tu, pois nao es), explica entao quais sao os grandes investimentos que o Faial tem, visto só ter um municipio e voces tres, o que equivale a dizer que nos recebemos apenas um terço daquilo que voces recebem no total.
Isto é que é uma verdadeira injustiça, mas sobre essa nao falas.

João Cunha disse...

O problema do Pico são os seus municípios. Estão nas tintas para qualquer semblante de unidade.

Quando a Madalena tenta a todo o custo asfixiar os restantes a nível demográfico, quando as Lajes tenta investimentos descabidos de qualquer análise real das verdadeiras necessidades do concelho... inclusive verdadeiros casos de policia a nível de gestão e transparência autárquica, estamos muito mal.