sexta-feira, 3 de junho de 2011

Compraria um carro em segunda mão a José Sócrates?


Um dia ouvi um juiz questionar um condutor que não parara num cruzamento.

O homem, que não tinha prioridade, jurava que o acidente só acontecera porque o outro vinha demasiado depressa.
Ao que o juiz retorquiu: "Stop" quer dizer "Parar", não "Parar se o outro vier depressa". Perante a insistência o juiz, irritado, disparou: "Você é um indivíduo perigoso: o que está a dizer é que, apesar da regra ser obrigatória, quando sair daqui volta a prevaricar.
Se calhar é melhor tirar-lhe a carta".

Lembrei-me desta história depois de ver a versão final (FMI) do memorando acordado com a Troika. O documento, assinado pelo ministro das Finanças e pelo governador do Banco de Portugal diz, ipsis verbis, que o próximo Governo tem de fazer uma "major reduction" da Taxa Social Única (até final de Julho).

Ora nos debates televisivos, o 1º ministro jurou que se chefiasse o próximo Governo apenas faria uma pequena redução da TSU.
E mesmo assim, só depois de estudar o assunto. Como se não conhecesse o documento que o seu ministro das Finanças assinara. Documento que passou a valer como lei!

José Sócrates parece-se cada vez mais como o condutor que não queria cumprir a regra da prioridade.
E o seu comportamento dá razão aos que perguntam se o país pode confiar num político que protagonizou tantos "casos": promessa de não governar com o FMI (de que se retratou nos debates), "aldrabices" na execução orçamental do 1º trimestre, redução de prazos (imposto pelo Ecofin) na execução de algumas medidas do memorando, facto ocultado ao país (para ficarmos só pela últimas semanas).
A resposta, se as sondagens valem alguma coisa, promete ser clara.

3 comentários:

artur xavier disse...

Nem um, novinho em folha. Quanto mais em segunda mão... e se nos lembrar-mos do "nosso" homem dos gravadores, então seria pior a emenda que o soneto! Valha-nos Nossa Senhora dos Aflitos!

Milhafre disse...

Que eu saiba o Socrates não governou a Espanha, Grécia, Irlanda, Islândia entre outros. Que tem culpa não situação, tambem estou de acordo, mas daqui a quatro anos estaremos a falar de outro ilusionista, ele já aí está, é só ter um pouco de paciência, pois já nos demostrou que o que diz de manhã tem de ser corrigido à noite. Coitados daqueles que nunca conseguem despir a camisa partidária, a culpa é sempre dos outros. Já agora Paulo deixo-te uma proposta para um Post que é: O orçamento anual do Presidente da República em comparação com outros Presidentes europeus e Casas Reais. Assim veremos de quem é a "culpa" do estado em que se encontra o País.

Paulo Pereira disse...

Do meu ponto de vista o primeiro mandato de Socrates, com maioria absoluta, teve alguns aspectos positivos. A saber: reforma da segurança social, reforma na educação (em especial no ensino profissional), saúde (melhoria de condições), ciência (este penso que terá sido o seu maior sucesso), simplex (apesar de demasiada propaganda), energias renováveis (especialmente as eólicas e hídricas, a energia fotovoltaica parece-me dispensável por ora) economia (aumento das exportações), descida substancial do deficit, apesar de alguma contabilidade criativa. É capaz de haver mais mas não me lembro...
Aspectos negativos: exageros na construção de rede de estradas, tgv não me parece adequado, PPP: um sorvedouro, a duplicação da dívida pública. Mas o principal problema de Socrates foi enfrentar a crise internacional. Os sucessivos pecs, o seu estilo crispado que impossibilitou coligações, as contradições (7% chamava-se o FMI, não governava com FMI), a escalada dos juros, os truques para mostrar que a execução fiscal estava excelente (até apresentou excedentes???) retiraram-lhe energia e credibilidade.
Quanto a camisolas partidárias, votei em Sócrates há 6 anos quando a alternativa era Santana e votei Ferreira Leite há dois anos por achar que, especialmente em 2009, se esbanjou dinheiro em eleitoralismo.
Quanto a comparar dinâmicas eleitorais continente/Açores penso ser prematuro. Agora penso que alguns comentários (não publicados) ao post poderiam ser redigidos sem insultos até porque penso que ninguém perderá os seus rendimentos se houver novas maiorias.
P.S . As crises dos outros países embora graves tem origens diferentes. A Grécia foi aldabrona, a Irlanda o problema é bancário, a Espanha é de bolha imobiliária, a portuguesa prende-se com o crescimento baixo para a dívida que tem.