Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Num Mundo cada vez mais racista e xenófobo é bom recordar este belíssimo poema de António Gedeão, que alguns cantaram magníficamente.
Afinal, as lágrimas não têm cor!...
Artur, estou a preparar um post sobre uma planta endémica dos Açores e lá para segunda / terça feira sairá outro post sobre a problemática ligada ao Pico. Espero que gostes. Talvez mais mais para a frente comente o artigo (http://www.picoazores.com/artigos/index.php?PHPSESSID=169d094e31da4d6075a46c3c40353bef ).
Um abraço e boa semana de trabalho.
Enviar um comentário