sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Sabrina - Ilha açoriana que recusou a nacionalidade inglesa

A fragata Sabrina, um belo veleiro da frota imperial, arribou a Ponta Delgada no dia 12 de Junho de 1811, bordejando a ilha de São Miguel por sudoeste. Os tripulantes observaram fumarada à superfície do mar por fora do Pico das Camarinhas e as águas do oceano encontravam-se decerto descoloridas e manchadas com peixe morto.


Ilha Sabrina
O capitão, mr. Tillard, manteve-se informado sobre o vulcão, fenómeno que nunca dantes vira e que agora o apaixonava. A 4 de Julho o vulcão parou subitamente e deixou de existir o tremor contínuo e pouco acelerado que havia nos Ginetes desde inícios de Junho. O tempo também se encontrava favorável a mais uma expedição.
Desse modo Tillard convidou os cônsules seus amigos para a fase seguinte, ou seja, rodear a ilha, desenhá-la e ...conquistá-la!

Assim se fez; arriaram um bote, remaram em águas ainda quentes, encalharam o bote numa praia de areias negras e fumegantes, abalançaram-se terra dentro e ali fincaram, o mais alto possível, a bandeira inglesa, símbolo do Império e marco milenário de mais uma conquista.

A ilhota estava a cerca de uma milha náutica de terra, tinha quase 50 braças de altura, uma milha de perímetro e a forma de anel rebaixado para a ilha-mãe (São Miguel) tal como hoje o ilhéu de Vila Franca.


Capelinhos

A história da Sabrina (exemplo da ganância inglesa...) é bem mais apaixonante e deixou marcas para a posteridade. Só desse modo se explica porque Urbano Carrasco, famoso jornalista do Diário Popular e Carlos Peixoto, faialense dos quatro costados, arriaram um pequeno bote no porto do Comprido e, em manobra tresloucada, mas emocionante, foram espetar a bandeira portuguesa na ilhota dos Capelinhos, numa manhã de Outubro de 1957. Receavam que a denominada Ilha Nova se tornasse estrangeira, tal como a Sabrina.

Eu ia fazer 17 anos, assisti a tudo e ainda hoje pergunto como escaparam!!


Texto adaptado de Victor Hugo Forjaz in Açoriano Oriental 14/12/2002

4 comentários:

Anónimo disse...

Tempos em que jornalista...era jornalista, repórter de experiência feito...

Agora qualquer garoto pega num microfone, e mesmo sem saber falar...é jornalista....

Carlos Faria disse...

Conheço a história e foi bem apanhada para este blog, que pelos vistos pretende nos seus temas não ficar limitado ao Pico

Desambientado disse...

Gostei imenso da história e da tónica que lhe imprimiste. Parabéns pelo blog e especialmente por este post.

Paulo Pereira disse...

É de facto uma história fascinante. E que romântico o tempo em que espetar uma bandeira era sinónimo de posse! Só tenho pena de não estar lá para ver tudo.