quarta-feira, 23 de abril de 2008

Impressões sobre o 24 de Abril



“ Um mal necessário na época. Portugal partiu uma perna. Ele foi o gesso. Fez comichão, irritou, deformou. Quando curada, o emplastro caiu e o País recomeçou a andar.” Agostinho da Silva

“Salazar não é um chefe que se ame, mas um técnico de poder, que se admira e em quem se tem confiança. Aliás, não é admirado por aquilo que faz: o seu prestígio vem daquilo que a priori se acreditou que era capaz de fazer” R Bréchon

“Rodeia-se de um grupo de fiéis colaboradores sempre prontos a obedecer-lhe e a bajulá-lo, manobrando-os cinicamente como “peões” de um jogo, promovendo-os ou fazendo-os cair em desgraça conforme o seu interesse pessoal” P Marques

“Chega a realizar Conselhos de Ministros com todos os participantes vestidos de sobretudo para poupar energia.” P Marques

"Chegava a discutir directamente pelo telefone os preços dos artigos de mercearia, indo ao absurdo de criar galinhas e coelhos nos jardins de S. Bento e vender animais e ovos para restaurantes, como forma de contribuir para as despesas do palacete e do pessoal.” P Marques

"Não recolheu qualquer benefício material do cargo e são escassos os seu bens, mas deixa a Portugal uma vasta e pesada herança, difícil ou mesmo impossível de gerir.” J Vieira

Poema sobre Salazar - Fernando Pessoa

António de Oliveira Salazar
Três nomes em sequência regular…
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.

Este senhor Salazar
E feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve o sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.

Oh, c’os diabos!
Parece que já choveu…
… … … … … … … … …

Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho…
Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.

Mas enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé:
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café

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