segunda-feira, 26 de maio de 2008

Votem em mim, que eu voto no meu aumento: 960 euros


Desejamos, de facto, que os mais capazes estejam nos lugares de topo. Na política, ou nas empresas. No sector público, ou no privado.

Não fazemos grandes distinções entre a utilidade de um bom profissional na chefia da sua empresa privada, ou nos trâmites da política.

Mas, também sabemos que estes sectores não são estanques. Que há quem faça tirocínio na política e, depois, colha dividendos no privado. Tudo dentro da legalidade.

Também sabemos que, devido a um número artificialmente elevado de deputados, poderá existir quem seja útil, apenas para fazer coro.

Uma coisa sei, a questão monetária interessa, mas não é tão determinante como se diz.
Penso, também, que a actual alteração ao Estatuto Político-Administrativo da Região, não tem justificação lógica, a nível do recrutamento, para um auto-aumento tão substancial, nesta classe.

Numa das regiões mais pobres da Europa, tradicionalmente flagelada pelo recurso à emigração, como explicar aos reformados, aos desempregados, aos trabalhadores e pequenos empresários, tamanha disparidade?

Bastará estar atento aos comentários da sociedade civil, para sentir que esta proposta acentuou o divórcio entre eleitores e eleitos.

Percepcionando este sentimento, ou apenas numa atitude eleiçoeira digna de Maquiavel, o PSD puxou o tapete aos comensais da assembleia.

Como reacção, o PS e CDS insurgem-se contra a desfaçatez de Costa Neves, sem nunca defenderem, abertamente, a justiça desta proposta de auto-aumento.

Estará, portanto, aberta a revisão dos auto-aumentos e terá o PSD conseguido uma ligeira vantagem política, com a sua jogada de antecipação?

Talvez, mas um silêncio autista que dê seguimento à proposta corporativa, não é de excluir.
A ver vamos, como diz o cego.

3 comentários:

Anónimo disse...

É um escândalo, e antigo.
Não só nos Açores.
Na Assembleia da República, centenas de deputados que "fazem coro" apenas, deliberam a seu belo prazer quanto auferem, num conluio partidário aí unânime e sem votos contra ou abstenções.

Sempre defendi que metade dos deputados seriam suficientes, e não me venham com as histórias nada convincentes das "comissões de trabalho"...porque já dei para esse peditório.
O país não compreende como, em época de austeridade, se permite dar ao luxo de sustentar principescamente dezenas e dezenas de "funcionários políticos", que mais não fazem que levantar-se ou não, consoante o gesto dos colegas da primeira fila. Que nunca usaram da palavra, que faltam, que põem a leitura dos jornais em dia, que adormecem....como se pode constatar nas imagens televisivas.

Repito, um escândalo.

Lc disse...

Se ano após ano o País fica cada vez mais atolado na crise, só vem provar a minha teoria, que esses Senhores não passam de uma "cambada" de inúteis.
Já que estamos com falta de cereais, que tal uma enxada para a mãozinha desses iluminados...confessem lá, até que era giro, lol

Anónimo disse...

No tempo do fascismo é que se dizia:

- Dá-me o teu aumento que eu dou-te o meu vencimento!

Ufa! felizmente que esse tempo já acabou! Não?