O filme mais nomeado para os óscares deste ano é, sem dúvida, Obama. Entre as 10 nomeações atribuídas, constam a de melhor argumento, melhor actor principal, no papel dele próprio, e melhor actriz secundária, porventura a mais Hilariante deste elenco.
Registe-se também, uma nomeação com sotaque português, através de Pete Souza, neto de açorianos, para o óscar da melhor fotografia.
Atente-se que esta super produção é a mais cara de sempre da história cinematográfica americana, apesar de, registe-se a ironia, o argumento ser sobre o filho de um pobre imigrante queniano que chega a presidente dos EUA.
No enredo, o protagonista, depois de eleito, recebe a missão de resolver as crises americana e mundial. O que faz muito sentido, uma vez que foi a crise americana que contagiou o globo e, logo que esta esteja resolvida, tudo voltará à normalidade.
Mas o momento mais enternecedor desta longa-metragem é aquele em que Obama, o presidente do país que se acha o farol da democracia e dos direitos humanos, decide fechar Guantanamo, uma prisão ilegal à luz do direito internacional.
Para levar a cabo esta hercúlea tarefa, Obama tem de pedir auxílio ao seu amigo Amado, que prontamente se disponibiliza a receber dezenas de prisioneiros sem culpa formada, no seu pobre e pequeno país.
Apesar de ingénuo, o personagem Amado - um ministro português - revela ter um grande coração e, sobretudo, uma grande coerência.
Pois a sua pátria já recebe, desde há muito, repatriados que, na maioria dos casos, também são uns pobres coitados que nunca praticaram infracções passíveis de tão desproporcionada penalização.
Então, por que não haverá Amado de receber mais umas vítimas do desmando americano?
Se Amado governasse um país com auto estima e sem complexos de inferioridade, pura e simplesmente diria não a Obama.
E já tinha aplicado o princípio de reciprocidade, em relação aos americanos que se encontram nas prisões portuguesas, repatriando-os também.
Mas não é o caso.
Sobre o personagem Obama, há a salientar a esperança que ele irradia. Esperança que os americanos poluam menos, assim como, se prontifiquem a descontaminar todos solos e aquíferos que poluíram, incluindo nos Açores.
Ou seja, Obama representa a justiça do princípio poluidor - pagador.
Algo perfeitamente normal para a generalidade dos países, mas, por mais estranho que pareça, pouco comum nesta super-potência.
E o filme termina levantando algumas interrogações que induzem o espectador à reflexão.
E o filme termina levantando algumas interrogações que induzem o espectador à reflexão.
Será sensato depositarmos tanta confiança num líder de um país estrangeiro, que nem é da EU, para resolver os nossos problemas?
Será sensato confiarmos tão cegamente nas escolhas do grande público americano, logo após este nos ter enfiado dois barretes seguidos, na sequela W. Bush?
E por que somos levados ao fazer?
Será por não termos por cá líderes credíveis em quem confiar?
Não sei.
Sei, contudo, que pode haver a tentação de utilizarmos o pretexto sebastiânico Obama-salvador-do-mundo, para nos demitirmos das nossas responsabilidades e esperarmos sentados que os outros se mostrem disponíveis para a resolução dos nossos problemas.
Se for assim, bem nos podem dizer, que ainda bem que nos sentámos.
3 comentários:
Se houvesse um óscar para o melhor crítico, acho que seria para o autor deste blog.
Concordo plenamente
Obama tem, à sua frente, um "cenário" dramático, um "orçamento" limitado, um "realizador" exigente, embora a "música" pareça celestial.
Confia-se no seu talento.
Não de actor.
Na vida bem real.
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