quinta-feira, 21 de maio de 2009

A Explicação do Arco-Íris

Os cobradores de impostos andam à espreita de indícios de riqueza que, se não forem bem explicados, poderão ser taxados como ilícitos.
Mas se são ilícitos, por que não são devolvidos na sua totalidade e os prevaricadores sancionados, perguntamos.
Contudo, a morosidade da nossa justiça deixa, frequentemente, os processos prescreverem e o estado fica de mãos a abanar.
Suspeito, assim, que o estado se demitiu da função de reformar uma justiça paralisada pelo corporativismo dos magistrados e pelas influências do Ministério Público e famílias de advogados.
Assim, se é impossível termos uma justiça célere, ao menos salvemos a carteira, parece ser o lema.

E então nasce uma nova sociedade por quotas, Estado & Prevaricador, em que 60% do ilícito vai para o primeiro e 40% para o segundo. Esta vitória do pragmatismo perante os princípios, até poderá ser popular, pois não deixa de espelhar alguns valores da sociedade actual.

E quais serão os indícios que levam à suspeita de rendimentos ilícitos?
Serão mansões, carros de alta cilindrada, iates e, acrescento eu, ouro.
Muito ouro... potes de ouro.
E quem apresenta riqueza inexplicável deverá contribuir para o orçamento comunitário com uma taxa adicional.

Por isso, se anunciou uma redução do tarifário inter-ilhas da SATA, em cerca de 17% para as Ilhas da Coesão e de apenas 15% para o Pico.
Pois na base destes 2%, obtidos na diferença entre 17% e 15%, estará a inexplicabilidade.

Uma vez que são ainda inexplicáveis as condições meteorológicas responsáveis pelos inúmeros arco-íris que se formam no Pico, afinal os verdadeiros responsáveis por esta sobretaxa de 2%.

Ou melhor, esta sobretaxa de 2% aplica-se aos beneficiários dos inexplicáveis potes de ouro que, como é sabido, formam-se no final dos arco-íris.

Por isso, vistas as coisas, e decerto também revistas, a diferença de 2%, embora inexplicável, passa a ser explicável na pleinitude da sua inexplicabilidade.

Assim, inspirados por este princípio, será de prever uma invasão do Pico, apesar de tudo muito mais explicável, por um batalhão de cobradores da DGI, com o intuito de vasculhar todos os recantos da ilha que é muito dada, como constatamos, a estes fenómenos inexplicáveis.

Sem comentários: