segunda-feira, 31 de maio de 2010

Compromisso assumido é compromisso cumprido: o navio de transporte de doentes para o Faial

A 2 de Setembro de 2005, o Governo Regional anunciou a aquisição, em 2006, de um barco para transporte de doentes entre as ilhas do Faial e Pico, numa parceria entre as secretarias regionais da Habitação e Equipamentos e dos Assuntos Sociais.
Posteriormente, em visita estatutária ao Pico esta proposta foi reafirmada.

A embarcação em causa é capaz de efectuar a ligação em vinte minutos e apresenta capacidade para quatro macas, duas cadeiras de rodas e uma equipa de bombeiros devidamente qualificados.

Assim, põe-se fim ao transbordo de enfermos efectuado através de uma gincana de macas pelo meio de uma multidão atónita de passageiros e carga concentrada à entrada dos cruzeiros, o que constituiu uma prática pouco digna para quem se encontra debilitado, com dores e ainda por cima tem de sair da sua ilha para atendimento hospitalar.

Optou-se, então, por uma solução mais discreta, com maior privacidade, uma vez que as condições de evacuação de doentes para o Faial eram mais próprias de países do terceiro mundo.

Por outras palavras, o navio - adquirido em 2006, com capacidade para quatro macas, duas cadeiras de rodas e uma equipa de bombeiros devidamente qualificados - tem a grande vantagem de passar despercebido, pois ninguém o tem visto.

Nem os esgares dos mirones em cima do cais, nem dos passageiros em viagem, ou mesmo dos turistas incomodam agora os doentes transportados no novo navio ambulância.

Com capacidade para as suas quatro macas e duas cadeiras de rodas, e ainda uma equipa de bombeiros devidamente qualificados, tal e qual como o prometido, o navio ambulância poupa os pacientes dos embaraços e serve os utentes dignamente.

Recatadamente... Estou até em condições de afirmar que nenhum residente do Pico ou da vizinha ilha do Faial jamais pôs a vista em cima deste navio, tal extraordinária é a sua capacidade furtiva.

Apesar de operar desde 2006, e apresentar uma capacidade para quatro macas, duas cadeiras de rodas e uma equipa de bombeiros devidamente qualificados, ninguém consegue sequer ouvir o seu motor.
É que este barco foi concebido com estes propósitos, ou seja para além de não ser visto, também não ser ouvido.

E mesmo que alguém queira tirar alguma prova dos nove e vasculhe o canal com um radar, garanto, desde já, que também não o detecta. Apesar deste navio desde, 2006, apresentar capacidade para quatro macas, duas cadeiras de rodas e uma equipa de bombeiros devidamente qualificados.

Mas se ninguém vê, ouve ou detecta este navio, poderá ele existir?

Ora, se o “Compromisso assumido é compromisso cumprido” para todas ilhas em igual, resta-me concluir que um navio assim existe e que é um navio ambulância submergível, o único com as especificações tecnológicas capazes de cumprir o compromisso assumido.

Assim, desde 2006 e apresentando a capacidade para quatro macas, duas cadeiras de rodas e uma equipa de bombeiros devidamente qualificados, este projecto, para além das capacidades já enunciadas, ainda é capaz de andar lá pelo fundo, poderíamos acrescentar.

2 comentários:

Manuel Ferreira disse...

Pensava eu que da maneira como o Paulo coloca a questão, mau grado a seriedade e complexidade do assunto, com um humor tão fino, houvesse alguém por essas bandas disposto a comentar, a dizer de sua justiça. Porém, nada! O mesmo que dizer, népia! O Povo deve andar mais preocupado com outras coisas, designadamente com o aumento dos impostos...

A ilha dentro de mim disse...

O requinte deste texto só espelha ainda mais a vergonha que é toda esta história. Talve seja preciso um dos senhores que manda passar mal quando estiver no Pico e ter de ir ao Hospital no Faial para sentir na pele o que é atravessar o canal nas actuais condições...