quarta-feira, 5 de maio de 2010

O MESMO E MAIS FORTE

Vai algum alarme na nossa prestante comunicação social, com notícias de mal disfarçada aflição sobre a «baixa de importância» das Lajes para os norte-americanos…
Há tempos começara a falar-se de um comando norte-americano para a África (Africom).
Logo surdiu (cá…) a ideia de os Açores servirem para qualquer coisa relacionada com isso – talvez por contingentes cubanos para Angola terem, em 1975, passado por Santa Maria…
E não tardou o «oferecimento dos préstimos» para o efeito pelo Governo Regional. Penso que ninguém ligou ao facto de, entretanto, a secretária de estado norte-americana ter visitado expressamente Cabo Verde: onde não há petróleo, se vive em paz democrática, se recebem ajudas da Europa – e se está a 700 km do Senegal, i.e., suficientemente próximo e suficientemente afastado da costa africana, para o que der e vier…
Afinal e pelo que vejo, anuncia-se agora que, ao menos por enquanto, o comando do Africom ficará na Alemanha. Que pena! Mas nada de desanimar!
E eis que logo o Governo português vai manifestando disponibilidade quanto à utilização das Lajes (e do espaço aero-marítimo à sua volta) para treino de aviões de combate da última geração criada pelo complexo militar-industrial dos Estados Unidos.
Como também é costume, saltaram alguns protestos do coro grego residual que são os órfãos da extinta União Soviética, apontando perigos para a população, etc..
Curioso entretanto é que nunca, que me lembre, se tenha levantado o problema de o tank farm que garante os abastecimentos das aeronaves militares escalando as Lajes, ou passando-lhes pelas redondezas, ficar sobranceiro à mancha urbana da Praia da Vitória. Claro, é coisa que existe há várias décadas – embora, em matéria, de riscos não haja prescrição…
Mas não. Até gostamos de saber que esse tank farm já foi, há décadas, o maior do mundo (Uncle Sam biggest gas station lhe chamaram então), embora hoje já não seja assim, por o maior estar no Oceano Pacífico (em Guam, no arquipélago das Marianas).
Mas ainda é o segundo. E o que provavelmente subsistirá é mesmo algum interesse norte-americano por esta utilização – mas sem pressas, já que a pressa parece ser nossa.

Enfim, estamos no nosso melhor. Oscilando entre resmungar contra os americanos e tremer de susto não vão eles deixar-nos.
Oferecendo préstimos, entristecendo quando eles parecem desprezados, ansiando por algo que até há-de surgir – só que quando, como e nas condições que eles quiserem, e com a respectiva consecução facilitada pelos péssimos jogadores de poker que efectivamente temos sido após do reinado de D. João II.
A. Monjardino In a União

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