RESIGNAÇÃO
O tédio esta manhã, a ilha descoberta trazendo o mesmo cheiro amargo.
a atmosfera sem pintura.o navio.o mar ao largo. o voo da gaivota sem ternura
lá vão
a carroça, a bilha do leite,
o cão, a missa, o vapor, tudo aceite
O vulcão em banho de broa. o amor apertado na lança. cantarei contigo sempre à toa do lado azul da esperança.
Lá vão
a carroça, a bilha do leite,
o cão, a missa, o vapor, tudo aceite
raiz em envelope fechado. sagrado, feito emoção. isto não tem fim, não... no meio o mar, o grito. a balada. a força da razão
lá vão
a carroça, a bilha do leite,
o cão, a missa, o vapor,
tudo aceite.
Sidónio Bettencourt
Do livro " Deserto de Todas as Chuvas "
(...)O mesmo tom de cumplicidade pode ser detectado em Deserto de todas as chuvas (2001), de Sidónio Bettencourt (S. Miguel, 1955), picoense por razões de escrita e reivindicação de raízes familiares. Ao instituir a rua de baixo como o seu microcosmo de referência (não é necessário que todos os "condados" tenham a dimensão do de Faulkner), o autor faz convergir nele os traços de um universo lajense (e, por extensão, insular) de relacionamentos humanos que a precariedade e as contingências da vida tornam ainda mais íntimos, na festa e no luto, no medo e na euforia - num discurso marcado pela enumeração e a acumulação e tendendo à representação global desse mundo e à sua revelação. Noutros casos, porém, as imagens aí colhidas esbatem o seu valor referencial, desviadas já para um processo em que a voz lírica se faz ouvir perante o silêncio para dar-nos a conhecer um mundo interior tumultuoso, dividido entre as vivências do passado e as do presente, num discurso marcado pela força transfiguradora da subjectividade e de um manuseamento verbal que transformam o real evocado em pura matéria poética.
http://www.adiaspora.com/_port/educa/trabalho/fernandoalvares.htm
a atmosfera sem pintura.o navio.o mar ao largo. o voo da gaivota sem ternura
lá vão
a carroça, a bilha do leite,
o cão, a missa, o vapor, tudo aceite
O vulcão em banho de broa. o amor apertado na lança. cantarei contigo sempre à toa do lado azul da esperança.
Lá vão
a carroça, a bilha do leite,
o cão, a missa, o vapor, tudo aceite
raiz em envelope fechado. sagrado, feito emoção. isto não tem fim, não... no meio o mar, o grito. a balada. a força da razão
lá vão
a carroça, a bilha do leite,
o cão, a missa, o vapor,
tudo aceite.
Sidónio Bettencourt
Do livro " Deserto de Todas as Chuvas "
(...)O mesmo tom de cumplicidade pode ser detectado em Deserto de todas as chuvas (2001), de Sidónio Bettencourt (S. Miguel, 1955), picoense por razões de escrita e reivindicação de raízes familiares. Ao instituir a rua de baixo como o seu microcosmo de referência (não é necessário que todos os "condados" tenham a dimensão do de Faulkner), o autor faz convergir nele os traços de um universo lajense (e, por extensão, insular) de relacionamentos humanos que a precariedade e as contingências da vida tornam ainda mais íntimos, na festa e no luto, no medo e na euforia - num discurso marcado pela enumeração e a acumulação e tendendo à representação global desse mundo e à sua revelação. Noutros casos, porém, as imagens aí colhidas esbatem o seu valor referencial, desviadas já para um processo em que a voz lírica se faz ouvir perante o silêncio para dar-nos a conhecer um mundo interior tumultuoso, dividido entre as vivências do passado e as do presente, num discurso marcado pela força transfiguradora da subjectividade e de um manuseamento verbal que transformam o real evocado em pura matéria poética.
http://www.adiaspora.com/_port/educa/trabalho/fernandoalvares.htm
1 comentário:
Belas palavras.
A saudade nostálgica das suas ruas, da Vila, dos amigos, da infância.
Um abraço para o Sidónio.
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