sábado, 20 de junho de 2009

São os vossos candidatos e as vossas propostas, estúpidos

Perante uma abstenção estupidamente alta, 78%, há quem tenha o descaramento de virar o bico ao prego, com a tirada de que “É estúpido deixar que os outros decidam sobre todas as questões que nos dizem respeito”.

Na verdade, a estupidez estará em permitir que Carlos César e Ferreira Leite decidam, levianamente, quais os candidatos que irão tratar das questões que nos dizem respeito. E não o inverso.

Continuando na onda, é também estúpido pensar que tudo isto se resolve com umas penalizações nos impostos, ou coimas, para quem entender não cumprir o seu dever cívico. Afinal estamos a falar de civismo ou de meras obrigações legais?

Penso que este assunto é bem mais complexo e que não será resolvido apenas por decreto.
Então o que fazer para evitar que a abstenção asfixie a nossa democracia?

Não se trata de inventar a roda, pois há muito que a imprensa divulga medidas simples que poderão atenuar este flagelo.
Estou a referir-me à necessidade das eleições se efectuarem em dois dias, por exemplo, numa 6ª Fª e num Sábado, em vez de um Domingo, pois há pessoas que não estão para de se dirigirem à secção de voto neste dia.

Será preferível, também, introduzir o voto electrónico, muito útil para quem está a viajar, estudar ou trabalhar fora da sua ilha. Ou mesmo para quem não pode ir à secção de voto.

Mas o essencial, meus amigos, passará pela selecção de candidatos que demonstrem, continuadamente, mérito, credibilidade e competência para os assuntos europeus, e cujo processo de selecção ocorreu de forma participativa e transparente, dentro de cada partido.

Colocar os pára-quedistas, Patrão Neves e Luís Paulo, com reconhecidos méritos apenas nas respectivas áreas, a ensaiarem papeis europeus na véspera deste importante evento, retira relevância ao mesmo.

Claro que o povo também gosta que se discutam os assuntos europeus de forma séria e realista (quotas, ZEE, formação, ambiente, etc) e tem uma natural aversão aos actores da chincana política, que só sobrevivem do imediatismo e não trazem soluções aos nossos problemas crónicos.

Mas aqui, as soluções serão mais difíceis de encontrar, uma vez que esta limitação parece estar inscrita no código genético dos intervenientes.

Centremo-nos primeiro nas anteriores propostas de combate à abstenção.

4 comentários:

pico minha ilha disse...

Sobre o assunto nada digo, ou digo tudo sem nada dizer.Agradeço sua visita em meu blog e as palavras que por lá deixou.Basalto negro"o nome aqui do blog" deixa-me a pensar que é aqui da ilha.Será?
Da educação também, já encontrei por aqui alguém que deu aulas a uma das minhas filhas, o mundo é mesmo pequeno.Continuação de boa noite

Anónimo disse...

De certa forma, percebe-se a razão de ser de tanta abstenção. Depositaram-se tantas esperanças nesta maioria e, uma vez mais, foi o que se viu. A "crise" internacional não explica nem desculpa tudo. Embora os portugueses tenham sido chamados a pronunciar-se para e sobre o Parlamento Europeu, a chamada de atenção ao Governo ficou bem evidente nestas eleições. Salvo duas ou três excepções, esta equipa é de uma mediocridade absoluta. No entanto, convém lembrar (Nestas coisas da memória, somos possuídores de sérias deficiências...) que durante meio século, o direito a nos pronunciar-mos, foi aquilo que se viu! Seria muito bom, não esquecer.

A ilha dentro de mim disse...

Podermos votar a partir de qualquer ponto do País já era um passo bastante à frente no combate à abstenção. Acho que seria muito mais eficaz do que mudar de dia, sobretudo nos Açores, onde "anda sempre alguém por fora", como já rezava a música dos Rio Grande. Só a percentagem de estudantes que não pode votar porque está fora, já fazia diferença. Fora todos os outros que nunca mudaram a residência, muito por causa das passagens provavelmente...

Anónimo disse...

Que sabem os portugueses do projecto europeu?
Do parlamento europeu?
Da Constituição europeia?
Do "Tratado de Lisboa"?
Das "famílias" políticas em presença?

Resposta comum : pouco ou nada.

Acresce que existe a convicção profunda que ser Deputado Europeu é um enorme "tacho", bem pago e com pouco trabalho.

Pouco importa se o candidato é A ou B.
O importante era explicar às pessoas do que se trata.
Mas para isso, não bastam as campanhas...repletas de demagogia balofa.