








Não sei se dará mais votos que o investimento no desporto, agora, seguramente, trará melhores benefícios à comunidade.
Quem segue o exemplo?
Ergue do silêncio a voz,
rasga o teu caminho, povo.
Diz tudo o que não foi dito
desde o princípio de ti,
o que calaste na sombra
das noites longas de medo.
Fecha os ouvidos à voz
que te promete mil mundos
em troca da tua vida
para depois de morrer.
Fecha os ouvidos à voz
que a toda a hora te grita
destinos que não são teus
escritos em céus de nuvem
por deuses inexistentes.
Ergue do silêncio a voz,
talha o teu destino, povo.
E não te importem as vozes.
Pedro da Silveira, Fui ao Mar buscar Laranjas
A necessidade de votar deveria ser intrínseca. Deveríamos votar imbuídos do mesmo espírito que um crente possui quando se dirige à missa, ou um espectador a um espectáculo de arte, ou um conviva à reunião do seu círculo de amigos.
Ou, talvez ainda mais, pois, como nos dizem, votar é um dever cívico.
Mas sabemos que estas analogias se encontram desfasadas da realidade. Porquê?
Qualquer comum dos mortais que ouça uma conversa sobre políticos, e não se aperceba de quem são os seus destinatários, poderá ficar convencido que a mesma é sobre uma associação de malfeitores, tal a desconfiança acumulada.
Invariavelmente, refere-se que na Madeira, a próxima legislatura, terá menos deputados. O mesmo poderá acontecer na Assembleia da República, após a próxima revisão constitucional. Mas, por cá, em jeito corporativo, aumentou-se em cinco a já numerosa representação.
É que aperfeiçoar a proporcionalidade só pode ser desculpa, pois é possível melhorá-la sem alterar o número final de representantes. Ou mesmo reduzindo-o.
Depois, vem o tema da reforma que, como se sabe, transforma jovens de quarenta anos em reformados, bastando para tal o cumprimento de dois mandatos.
Como se explica isto à senhora Maria que tem de trabalhar até aos 70 anos para atingir a reforma, pese embora tenha trabalhado toda a sua vida, aqui e no ultramar?
Como se explica esta excepção aos pilotos de aviões que, embora tenham uma profissão desgastante, só podem reformar-se aos 65 anos?
É que apenas os cidadãos que ficam incapacitados física ou mentalmente o podem fazer mais cedo. Acaso todos os deputados, após oito anos de serviço ficam assim tão debilitados?
Seguidamente vem o tema dos subsídios de reintegração.
Os representantes quando regressam à vida activa sem atingir a reforma, são admitidos automaticamente nas suas profissões, pois o seu lugar permanece cativo.
Então, por que têm de beneficiar de mais um subsídio?
Mais ainda, sabemos que a passagem pela Assembleia não é nenhuma diminuição, podendo mesmo servir de auto-promoção, que o digam os gestores e advogados.
Reconhecemos que os parlamentares devem ser bem pagos, mas seria preferível pagar mais no vencimento mensal e menos nestes encargos dissimulados.
Posteriormente, surge o assunto da disciplina partidária.
Afinal, para que servem tantos valores individuais se são diluídos numa estranha unanimidade.
Não transmitirão a ideia de marionetas manobradas pelos aparelhos partidários?
Enfim, em vez de apelar ao voto, por vezes mesmo pedinchar, talvez fosse mais profícuo dar bons exemplos e elaborarem leis mais justas.
Apesar de tudo, eu acredito na democracia representativa, e, relativamente ao Pico, continuo a acreditar que seria útil o aparecimento de um representante de uma terceira força política.
Pois verificamos que a CDU sempre nos habitou a boas representações, que o digam os florentinos, ou os eleitores de Decq Mota.
E os terceirenses parecem não se ter dado nada mal com o PP de Artur Lima.
Esta tarefa estará agora mais facilitada com a criação do Círculo de Compensação, pois basta a CDU captar os votos dos eleitores insatisfeitos do PS, ou o PP fazer o mesmo com o PSD.
Mas valerá a pena desafiar César ou Costa Neves?
Talvez, pois o PS insiste num seguidismo mediano. E o PSD na imagem de um individualismo carreirista, em vez da ambição e irreverência, próprias de uma oposição.
Contudo, julgo ser imprescindível um compromisso dos eventuais deputados da CDU e do PP pelo Círculo de Compensação com os eleitores picoenses.
Estes candidatos têm de apostar no estreitamento dos contactos com os eleitores dispersos pelas ilhas dos Açores.
E, embora discorde da intenção dissimulada do pedido de voto de Carlos César, continuo a pensar que os eleitores descontentes têm agora mais uma opção e que será preferível votar, a ficar em casa.
Através do lema “Todos os votos contam”, o PP pretende alertar os eleitores para a existência do Círculo de Compensação.
Os candidatos do PP pelo Pico são:
1 Manuel Serpa
2 Paulo Jorge
3 Luís Dias
4 Florentino Silva
5 António Xavier
6 Carlos Pereira
7 Telo Fernandes
8 Luís Ávila
9 Manuel Brum
10 Rosa Vieira
11 Daniel Bettencourt
12 Silvino Medeiros
Mandatário – Manuel Garcia do Rosário
Lembrando que agora todos os votos na CDU contam, Aníbal Pires apresentou os candidatos pelo Pico.
Assim, os candidatos são:
Ernesto Rodrigues
Elisabete Alves
Hélio Goulart
Norberto Medeiros
Maria Oliveira
Laurénio Silva
Manuel Gonçalves
Carlos Costa
A todos os candidatos, votos de um bom trabalho.
E há quem publique na imprensa as suas extensas intervenções no parlamento, para mostrar a pertinência das suas reivindicações. Para dar conta aos eleitores de todo o trabalho efectuado.
Para quê, dirão outros, se basta pegar num telefone e dizer nha nhã.
Caro Paulo Estêvão, deite fora os seus elaborados discursos, mais as suas ideias estratégicas e aprenda o nha nhês.
Congratulamo-nos por o PSD ter colocado o seu manifesto para o Pico no site (http://www.psdacores.pt/regionais08/index.php ).
Iniciativas como estas promovem uma discussão clara e objectiva das prioridades para cada ilha e dignificam a política, uma vez que tornam mais transparente o contrato entre o eleito e o eleitor.
Só assim os eleitores poderão fazer as suas escolhas de forma empenhada e consciente.
No entanto, sobre as propostas, em si, achamos que o Pico merecia mais.
Nomeadamente, na optimização de infra-estruturas como portos, aeroportos e estradas, assim como, melhores investimentos na saúde, investigação, ou administração regional.
Também verificamos que, embora tendo equipas desportivas ao mais alto nível competitivo, os parques desportivos não foram propostos para aqui.
Assim, penso não haver uma estratégia para contrariar o despovoamento e favorecer o rejuvenescimento da ilha.
Pois, sem um politica de criação de empregos qualificados, os nossos jovens não terão condições de regressar ao Pico, após terem feito um esforço na sua formação.
Sempre defendemos que as reivindicações devem ser responsáveis e justas, e que se deve prometer só aquilo que é possível cumprir. Mas, não terá havido uma falta de ambição?
Assim, talvez devido a uma carência de ânimo ou mesmo de imaginação, o manifesto parece-nos manifestamente pouco.
Até porque César, sem despender um esforço significativo, poderá cumprir todas as suas promessas para o Pico e acrescentar também as da oposição.
Não será nada de impossível, tendo em conta os milhões da EU que continuarão a chover nos Açores.
Mas, quando damos uma olhadela no manifesto da ilha vizinha http://www.psdacores.pt/regionais08/manifestos/faial.pdf , verificamos que houve outra preocupação.
Interrogo-me, então, se, uma vez que não sabemos reivindicar, não seria preferível encomendar o manifesto do Pico aos distintos autores do manifesto do Faial.
Até porque, os nossos ilustres vizinhos são detentores de um sincero anseio na promoção de todas as ilhas do triângulo e, decerto, não se importariam nada em ser nossos benfeitores, elaborando propostas para o Pico de idêntica qualidade e inovação.
Pois, perante tanta pequenês picoense, até no sonho, vem nos frequentemente à memória as palavras de um saudoso amigo, prematuramente desaparecido: Lepratecoma que até pedir não sabemos - exclamaria bem alto!