
Nos seus últimos comentários em jornais e blogs, o sr Rui Pedro, picoense exemplar e detentor de uma elevada participação cívica, acena com alguns dos seus discursos efectuados na Assembleia Regional. O ex-deputado, convínhamos, escreve regularmente na imprensa e nos blogs de uma forma aparentemente livre e equidistante, apesar de pertencer ao aparelho partidário.
O que poderá indiciar estas posições? Que os seus substitutos, eleitos pelo Pico, não estão a cumprir o desejado, pois não são apoiados nestes artigos?
Talvez, talvez... mas também assaltou-nos outra interpretação.
E isto de assaltos, obviamente, nada tem a ver com os que ocorrem nesta quadra festiva. Mais propriamente, o sr Rui constatou que há um vazio político passível de ser preenchido com uma sua recandidatura?
Mas sobre o discurso transcrito (http://lajesdopico.blogs.sapo.pt/), sabe-se que este faz frente ao legado da era Mota Amaral. Convém lembrar que atacar a política do adversário sempre ficou bem e foi da praxe, que o digam todos que por lá passaram. Mas defender os interesses dos eleitores contra a hierarquia partidária, quando necessário, é caso raro no Pico.
É, por isso, essencial que os candidatos a deputados se comprometam com a população antes de serem eleitos. Que expliquem quais as linhas de actuação e de conduta em que se empenharão. Que prometam.
Mas promessas, leva-as o vento, diz o povo. Pois é, mas quem não promete, nada tem a cumprir. Por isso, normalmente não cumpre.
Os dois futuros deputados do PS têm uma grande responsabilidade à sua frente, pois suportarão o governo. E não o contrário, não é o governo que sustentará os dois deputados, como tem sido tradição.

E que perfil devem ter estes deputados?
Deverão ter bons dotes de oratória, deverão escrever lucidamente artigos de opinião, deverão estabelecer contactos regulares com a comunicação social e, sobretudo, fazer lobby nos bastidores.
Um pouco como fazem os quatro deputados do Faial, que parecem ser em maior número que os quatro deputados do Pico.
Só assim tem sido possível o Faial deter o grosso do investimento, como:
Um quartel militar, embora seja sorvedoiro de dinheiros públicos, ainda existe?
Um pólo da Universidade dos Açores, que só lá está por o Faial ter algo de único: o oceano. E as pescas.
Não haverá pesca no Pico? Claro que há, o Pico tem capturas superiores: 4.521 toneladas para o volume da pesca descarregada, contra 2.241 toneladas, em 2007. E quanto ao oceano...
Uma sede da Assembleia Regional, quando a maioria dos deputados é de S. Miguel e da Terceira. Um esbanjamento de viagens e estadias, para não falar do tempo perdido nos aeroportos. Mesmo assim, foi conseguida. E mantida.
Sede de duas Secretarias Regionais, mas os secretários são de outras ilhas. Mas as sedes estão lá.
E prepara-se para aumentar o aeroporto, e nós sem voos decentes.
Enfim, é preciso que os 4 deputados do Pico interiorizem, mesmo que possam não ter muito jeito para a matemática, que representam tanto quanto os 4 deputados do Faial.
E que da matemática não conheçam apenas a equação: 1 mandato + 1 mandato = 1 reforma.
Sei que, liberto destes fardos, o sr Rui poderia ficar na história do Pico. E é sobre essa história que estou a escrever este post.
E eu pergunto, embora inconvenientemente, está disposto a correr o risco?